Nos últimos dias de gestão, governador trocou articulações políticas pelo chão de fábricas reinauguradas ou em construção para ser cortejado por executivos
Giovanni Sandes – Jornal do Commercio (PE)
Os discursos e frases de apoio são em fábricas já em funcionamento, mas que reinauguram instalações e até adiantam a abertura oficial. Outras não estão prontas e, mesmo assim, abrem as portas para ele. Nos últimos dias de governo, Eduardo Campos (PSB) traçou uma intensa agenda com o empresariado. Trocou as articulações políticas por eventos em que, em vez dos partidos, estão estampadas logomarcas de indústrias nacionais e multinacionais. Em vez de discursos apaixonados de militantes, os elogios e frases de efeito vêm de empresários e executivos de alto escalão.
Desde 2013, quando começava a ficar nítida a sua disposição de brigar pelo Planalto, Eduardo passou a se articular com o empresariado, como forma de se contrapor à presidente Dilma Rousseff (PT), acusada de ter pouco diálogo com o setor.
Em 11 de março passado, a Ambev inaugurou em Itapissuma uma fábrica que já funcionava desde novembro de 2011. Mas a agenda dessa reta final de governo ganha significado ainda mais especial por incluir reuniões com o nível máximo das companhias até em eventos fechados realizados em canteiros de obras.
Ontem, às 9h, houve a inauguração da Rocca, em Vitória de Santo Antão. Às 10h30, foi a Vivix, em Goiana. À tarde e à noite, os eventos foram “visitas” a fábricas não concluídas. No primeiro, na Fiat Chrysler, estavam presentes o presidente do Brasil Cledorvino Belini, e Stefan Ketter, vice-presidente mundial de Manufatura do grupo. À noite, foi a vez do Grupo Petrópolis.
Na Vivix, investimento de R$ 1 bilhão do Grupo Cornélio Brennand, o presidente Paulo Drummond não resistiu a um “engano” mais do que calculado. “Mais uma vez, o senhor e seu governo mostram que têm uma visão de estadista e não uma preocupação com um governo. Muito obrigado, presidente – desculpe (interrompendo-se), governador”, afirmou, aplaudido.
Em seguida, no discurso, Alexandre Pestana, presidente da Abravidro, associação de empresas do setor de vidro, foi ainda mais direto. “Governador Eduardo Campos, conhecemos as suas pretensões. E muito nos orgulharemos em tê-lo como líder máximo do nosso Brasil”, falou, também aplaudido.
Eduardo agradeceu os afagos. “Quero agradecer ao gesto do Grupo Cornélio Brennand de, a dois dias de deixar o governo para cumprir novas missões, inaugurar a fábrica hoje para que eu pudesse participar desse ato ainda como governador”, devolveu.
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