Repasse de empréstimo de R$ 8 bilhões ao setor virá a partir de 2015
Martha Beck, Mônica Tavares e Danilo Fariello – O Globo
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu que os problemas do setor elétrico terão impacto sobre a conta de luz com reajustes maiores para os consumidores. Segundo cálculos de técnicos da área de energia, o peso dos empréstimos de R$ 8 bilhões que serão contratados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) para socorrer as distribuidoras será de cerca de 10%. Mas o governo ainda não definiu como será o repasse para a conta de luz, a partir de 2015: se de uma vez ou em parcelas.
— Deveremos ter algum reajuste a maior da energia elétrica por causa das chuvas escassas. Estamos minimizando esse problema e o governo federal está colocando R$ 4 bilhões para compensar parte do aumento. O governo está compartilhando o aumento de custo com o consumidor — disse Mantega ao participar do programa “Bom Dia, Ministro”, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
O decreto com as regras para os aportes e empréstimos que ajudarão as distribuidoras a cobrirem as despesas extras com o uso das térmicas e compra de energia mais cara no mercado de curto prazo foi publicado na quarta-feira. Os recursos serão transferidos às distribuidoras pela CCEE até 31 de dezembro deste ano.
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) manteve a previsão de que é baixa a probabilidade de haver dificuldades no suprimento de energia para o país neste ano, assim como ocorreu em março. Em fevereiro, esta probabilidade já foi considerada baixíssima, tendo sido alterada para baixa em março.
Em nota divulgada na quarta-feira, durante a reunião mensal do CMSE, o governo informou que “os valores de chuva registrados em março superaram os acumulados em janeiro e fevereiro, individualmente, e ficaram mais próximos dos valores normais que nos dois meses anteriores”.
Mais cedo, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse que a atual situação do setor elétrico não é de “desespero”, embora tenha reconhecido que o volume de água nos reservatórios nos primeiros três meses foi pior desde 1931, quando começou a medição.
— Não achamos que é uma questão de desespero. O risco de ter um racionamento é muito baixo — disse, durante audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara.
Já o ministro Guido Mantega, na entrevista ao “Bom Dia Ministro”, assegurou que o controle da inflação é uma questão de honra para o governo e que aumentos pontuais nos alimentos por fatores climáticos são problemas passageiros.
Ele previu que o crescimento de 2014 ficará entre 2% e 2,5%. Segundo ele, o Brasil só voltará a ter um crescimento mais robusto – entre 3% e 4% – quando o mercado internacional se recuperar e o Brasil conseguir exportar mais:
— Precisamos da recuperação da economia internacional para crescer mais. Assim que essa crise amainar, o Brasil vai crescer entre 3% e 4%.
O ministro disse ainda que a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor’s de rebaixar a nota do Brasil foi descartada pelos mercados. Um sinal disso, afirmou ele, foi o fato de a Bolsa ter subido, os juros futuros terem caído e o câmbio ter se valorizado na semana em que a decisão da S&P foi anunciada.
— Não teve efeito nenhum. Ninguém olhou para ela. Não vi nada, nenhuma repercussão — disse Mantega.
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