- O Globo
A Operação Catilinárias dizima politicamente o PMDB, numa ação jamais vista na História, nem mesmo na ditadura que tirou do Parlamento, em tempos distintos, três líderes da legenda: Martins Rodrigues, Mário Covas e Alencar Furtado.
Claro que a cúpula do partido está negando essa carnificina, que atinge indistintamente o PMDB dissidente e o governista — do arqui-inimigo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ao último bastião peemedebista de Dilma no Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros.
Escaparam da chacina apenas o vice-presidente Michel Temer e as emas do Palácio do Jaburu. Por isso, há uma inquietude dentro da legenda. E a reunião da Executiva de hoje poderá ser determinante para a antecipação da convenção nacional, que vai decidir o futuro da relação com o governo. Aprovada a antecipação dessa convenção, danou-se: é sinal de que o partido vai mesmo romper com a Dilma.
À tese conspiratória de que o governo tem dedo dentro da Lava-Jato, levantada primeiramente por Lula, ao suspeitar do ministro da Justiça, há um contra-argumento: ao contrário do seu antecessor, que era uma centopeia, o governo Dilma tem apenas duas pernas: o PT e o PMDB. Atingidas as duas legendas, o governo fica agora numa cadeira de rodas, à mercê, na política, do processo de impeachment, e, na economia, dos 0,7% do superávit exigidos pelo ministro Joaquim Levy para continuar no cargo.
Novas emoções estão por vir. Os amigos de Renan, que acham que ele foi apenas bordejado pela Lava-Jato, não têm dúvidas de que ele será o próximo alvo. Para manter a isonomia, fontes do próprio governo admitem que um ministro palaciano estaria na fila. O curioso, nesse caso, é que o dito cujo, que até o momento não passa de vítima de especulações, já está aceitando a carapuça e, em ato de desespero, acusa o colega Cardozo de estar por trás desses boatos e tem xingado os blogueiros que começam também a tratar do caso.
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