• Enquanto Cunha acusa o governo, senador diz que lei foi cumprida
O Globo
-BRASÍLIA- O PMDB se dividiu ontem ao reagir à Operação Catilinárias. Enquanto o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), tentou passar a ideia de que a ação da Polícia Federal foi um ataque direto do governo ao partido, caciques da legenda, a começar pela ala do Senado, evitaram o confronto. Será neste clima de divisão interna que a Executiva nacional do partido se reúne hoje para tentar barrar novas filiações que tenham o intuito de fortalecer o bloco na Câmara apoiado pelo Palácio do Planalto, que deseja a volta de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) à liderança da bancada na Casa.
A diferença de tom adotado foi clara, especialmente entre Cunha e o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB), indicado pela bancada do Senado. O presidente da Câmara chegou a dizer que o “PT é o responsável pelo assalto que aconteceu no Brasil e na Petrobras”. Em entrevista, Cunha disse achar estranho uma operação contra o PMDB. Chegou a dizer: “Fazem uma operação com o PMDB. Tem alguma coisa estranha no ar”. Horas depois, Braga refutou: — Eu acho que tudo foi feito na legalidade, com decisão do Supremo a respeito do tema. Portanto, faz-se cumprir a lei.
Braço-direito do vice-presidente Michel Temer, o ex-ministro Eliseu Padilha preferiu defender seu partido e alfinetar o PT:
— É um processo que já está em andamento. Não vejo nada demais. O PMDB existe nas 27 unidades da Federação do Brasil. Temos alguns nomes que por enquanto estão sendo só investigados. Não tem ninguém preso.
A reunião da Executiva marcada para a amanhã de hoje foi articulada pelo entorno de Temer e convocada às pressas. Apesar da pressão de parte do partido pelo rompimento imediato com o governo Dilma, a Executiva não deverá decidir antecipar a convenção partidária marcada para março. Os entusiastas do rompimento têm pedido a Temer que convoque a convenção para a última semana deste mês. Assim, 2016 começaria com o PMDB rompido com Dilma.
Acusado por Cunha de interferir nas operações da PF e de ter ido a Curitiba para isso, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, respondeu com ironia.
— Posso afirmar em alto e bom som: o presidente da Câmara pode ficar absolutamente tranquilo que eu não fui a Curitiba esconder bens, nem tentar ocultar bens que tenho no exterior ou conta, porque não os tenho.
Lula e Renan se encontram
Para a cúpula do PMDB, não está claro que efeito a ação da PF terá. Segundo fontes, Temer se mostrou cauteloso e comentou que “quem é inocente, vai apresentar sua defesa, e quem não é será devidamente investigado”. Peemedebistas avaliaram que o partido dificilmente terá posição unificada. A Executiva decidiu não divulgar nota.
O ex-presidente Lula, que estará em Brasília hoje e amanhã, pretende se encontrar com Renan. Interlocutores de Renan garantem que o PMDB do Senado manterá sua linha de alinhamento ao Planalto, porque não confia em Temer.
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