• Presidente da Câmara tem casas vasculhadas; dois ministros são alvo
• Operação Catilinárias foi realizada pela Lava-Jato no dia em que o Conselho de Ética avançou na apuração sobre o deputado e na véspera de o Supremo decidir sobre o rito do impeachment da presidente Dilma
Na véspera da discussão sobre o processo de impeachment da presidente Dilma no Supremo, nova fase da LavaJato vasculhou casas e escritórios do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e de outros políticos do PMDB, inclusive ligados ao presidente do Senado, Renan Calheiros, e dois ministros (Celso Pansera e Henrique Eduardo Alves). As ações foram autorizadas pelo STF, que abriu um terceiro inquérito sobre Cunha, desta vez por suspeita de usar o cargo em benefício próprio, para atrapalhar as investigações contra ele. No mesmo dia, e depois de sete adiamentos, o Conselho de Ética decidiu, por 11 votos a 9, prosseguir com o processo por quebra de decoro contra Cunha. O deputado falou em revanchismo do governo e atacou o PT. A Operação Catilinárias cumpriu 53 mandados de busca e apreensão contra 17 suspeitos.
No coração do PMDB
• Ação da PF mira partido e Cunha, que, acusado de coagir testemunha, teve casa vasculhada
O Globo
Na véspera de o Supremo Tribunal Federal (STF) analisar o rito de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a operação Catilinárias, da Polícia Federal, realizada em sete estados e no Distrito Federal, teve como alvo principal o PMDB, partido protagonista no processo. Desde o início da manhã de ontem, foram cumpridos 53 mandados de busca e apreensão. Na lista dos locais, a residência oficial do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em Brasília, sua casa e escritório, ambos no Rio, e diversos endereços de aliados. O STF negou o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para buscas diretamente relacionadas ao presidente do Senado, Renan Calheiros. Mas nomes ligados ao parlamentar, como o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e o senador Edison Lobão (PMDB-MA) tiveram endereços vasculhados em investigações que incluem Renan.
Dois ministros em foco
O Planalto avaliou que o novo capítulo da LavaJato tumultua ainda mais o ambiente político em Brasília, num momento já crítico. Entre os alvos, também estavam dois atuais ministros de Dilma, ambos do PMDB: Henrique Eduardo Alves (RN), do Turismo, e Celso Pansera (RJ), de Ciência e Tecnologia.
Os detalhes das investigações não foram divulgados, mas Cunha e aliados seus são investigados pelas suspeitas de tentativas de achaque, coação de testemunhas e a negociação de medidas provisórias, dizem fontes da investigação.
Na mesma manhã em que a PF realizou a operação, o Conselho de Ética da Câmara, de forma surpreendentemente tranquila, decidiu pela admissibilidade do processo de cassação do presidente da Casa, Eduardo Cunha. Foram 11 votos a 9.
No início da tarde, veio a reação de Cunha. Ele classificou a operação da PF como “revanchismo”. Disse “estranhar” que a operação tenha ocorrido no dia da reunião do conselho e na véspera de o STF definir as regras do impeachment.
O presidente do Senado, Renan Calheiros, começou o dia “com a alma em paz”, rezando uma missa natalina no Salão Negro. Depois, defendeu-se, sem atacar o governo:
— Nunca consenti, e nem consentiria, e nem permiti, nem permitiria, que alguém, em qualquer circunstância, qualquer lugar, falasse por mim.
Além das buscas nos endereços de Cunha, também foram alvo da operação nomes ligados ao deputado como o ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Fábio Cleto; o prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier; o doleiro Lúcio Funaro e a chefe de gabinete do parlamentar, Denise Santos.
Na casa de Cunha, na Barra da Tijuca, no Rio, os policiais encontraram um táxi registrado em nome de Altair Alves Pinto, apontado pelo lobista Fernando Baiano, delator na Lava-Jato, como intermediário da propina destinada ao presidente da Câmara.
Com o capítulo de ontem, já são pelo menos 66 políticos envolvidos na Lava-Jato, segundo levantamento feito pelo GLOBO. E uma frase dita ontem em Curitiba por Fernando Baiano resume o que está por vir:
— A cada dia é uma surpresa. E tem tanta coisa ainda para acontecer.
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