Mariana Haubert – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Parlamentares da oposição decidiram nesta quinta-feira (3) pedir a inclusão das informações contidas nadelação premiada do senador Delcídio do Amaral(PT-MS) no pedido de abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, em tramitação na Câmara dos Deputados.
Segundo o senador Aécio Neves (PSDB-MG), mesmo não tendo sido homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), a delação pode ser incluída no processo para que, durante a sua análise, as informações possam ser checadas.
"Seria uma omissão das oposições não permitir que a comissão do impeachment e o plenário não se debrucem também sobre essas informações. Caberá, obviamente, às investigações e análises comprovar a veracidade ou não do que está na revista, mas é algo extremamente grave e não temos visto, até agora por parte do governo, uma condenação tão enfática que nos faça perceber que essas denúncias não sejam verdadeiras", disse Aécio.
Segundo a oposição, o aditamento é possível porque ainda não houve a defesa prévia da presidente Dilma Rousseff. "Não estamos retirando as prerrogativas da presidente da República", explicou o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO).
O documento será subscrito pelos autores do pedido de impeachment, o ex-petista Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, e deverá ser protocolado na próxima segunda-feira (7).
Por uma questão de celeridade do processo, os oposicionistas avaliam que um aditamento evita que um novo processo seja aberto e, com isso, etapas já superadas tenham que ser refeitas. "É um caminho mais seguro e não pode ser usado como desculpa para procrastinar", afirmou Aécio.
Por outro lado, os parlamentares também evitam, assim, deixar novamente nas mãos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a decisão sobre quando e como se daria a abertura do novo caso.
Por unanimidade, os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiram abrir a primeira ação penal da Operação Lava Jato no tribunal e tornar réu o peemedebista, sob a acusação dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Questionado sobre a legitimidade de Cunha para conduzir o processo na Câmara uma vez que ele é réu no Supremo, Aécio afirmou que essa não é uma questão apenas do presidente, mas da instituição Câmara dos Deputados. Ele voltou, no entanto, a defender o afastamento de Cunha da presidência da Casa.
"É uma decisão que será tomada por uma comissão representativa da Câmara composta por todos os partidos políticos e, em última instância, pelo plenário. Qualquer um de seus membros, inclusive o presidente, não pode impedir a Câmara de cumprir o seu papel constitucional", disse o tucano.
O senador se reuniu com outros líderes da oposição nesta tarde para discutir a reação conjunta após a divulgação de informações sobre a delação premiada de Delcídio.
As informações foram veiculadas na manhã desta quinta-feira (3) pelo site da revista "Istoé", que publicou trechos do acordo de delação de Delcídio.
Pessoas próximas às investigações da Lava Jato confirmaram à Folha a informação de que Delcídio fechou acordo com a Procuradoria-Geral da República para fazer delação premiada. Nos chamados anexos, o senador teria se comprometido a citar Dilma e Lula.
Aécio avaliou que, se as informações forem confirmadas, o Brasil vive "o momento mais grave de toda essa crise moral por que passa o país". Após a reunião, o tucano voltou a pedir a renúncia de Dilma Rousseff em discurso no plenário do Senado. "A presidente Dilma precisa ter um gesto de grandeza e renunciar à presidência da república para que a partir daí possamos implementar uma agenda de transição", disse.
a
Nenhum comentário:
Postar um comentário