Por Letícia Casado e André Guilherme Vieira – Valor Econômico
BRASÍLIA e SÃO PAULO - A Polícia Federal cumpre nesta sexta feira mandado de condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele presta depoimento em sala do pavilhão de autoridades do aeroporto de Congonhas, na zona Sul da capital paulista. O local conta com acomodações amplas e é destinado ao embarque e desembarque de autoridades e de ex-detentores de cargos públicos.
Fábio Luis Lula da Silva, o filho do ex-presidente conhecido como Lulinha, também foi conduzido coercitivamente a prestar depoimento, assim como seu sócio, Fernando Bittar, que consta como dono do sítio investigado em Atibaia (SP).
O diretor do Instituto Lula, Paulo Okamotto, também foi conduzido coercitivamente. Houve ainda cumprimento de mandados de busca e apreensão no escritório dele e na casa de Lula, em São Bernardo do Campo (SP).
Nesta manhã, a PF deflagrou a 24ª fase da Operação, batizada de Aletheia, em referência à expressão grega que significa “busca da verdade”
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Cerca de 200 policiais federais e de 30 auditores da Receita Federal cumprem 44 mandados judiciais - sendo 33 de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva - nos Estados de São Paulo, Rio e Bahia.
Ao todo, no Rio, são dois mandados de busca e apreensão; em Salvador, dois de busca e apreensão e um de condução coercitiva; em São Paulo, 18 de busca e apreensão e seis de condução coercitiva; em São Bernardo do Campo, cinco de busca e apreensão e dois de condução coercitiva; em Atibaia, dois de busca e apreensão e um de condução coercitiva; no Guarujá, um de busca e apreensão; em Diadema, um de busca e apreensão e outro de condução coercitiva; em Santo André, um de busca e apreensão; e em Manduri (SP), outro de busca e apreensão.
O depoimento de Lula não acontece na sede da PF, na Lapa, zona oeste de São Paulo. Por ser ex-presidente da República, os investigadores fizeram uma deferência a Lula, para evitar expor o ex-mandatário à imprensa.
A nova fase da Lava-Jato foi deflagrada a partir de informações prestadas pelo senador petista Delcídio do Amaral em delação premiada. O parlamentar, denunciado por obstrução à Lava-Jato, atribuiu a Lula e à presidente Dilma Rousseff uma suposta atuação para barrar o avanço da operação.
A PF vai fornecer novas informações às 10h, em coletiva de imprensa em Curitiba.
Inspiração em Platão
A imagem mítica de Aletheia, nome de nova fase da Operação Lava-Jato, foi usada pelo filósofo Platão para explicar a sua “Teoria das Formas”, base de sua epistemologia ou teoria do conhecimento.
Segundo o mito, Aletheia não bebeu a água do Lethes, o rio mítico, e por isso conservava a sabedoria das coisas tais como são, no mundo superior das essências perfeitas, e não como aparentam ser, como é a característica da existência terrena, marcada pelo engano das percepções sensoriais.
Em Platão, o conhecimento é função da razão, e não dos sentidos, que frequentemente nos induzem ao erro e à confusão.
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