sexta-feira, 4 de março de 2016

Governo que se arrastava ficará paralisado - Lauro Jardim

• Este pode ser o início de um calendário tenebroso para um governo que já não governa. Está por vir uma série de eventos que pode nocautear de vez o Planalto

- O Globo

Tudo o que o governo mais temia quando Delcídio Amaral foi preso em dezembro aconteceu: o ex- líder do governo resolveu falar. Falou e expôs em praça pública as vísceras das eras Lula e Dilma. Falou com autoridade de quem trafegou nos intestinos do petismo nos últimos treze anos. A expressão “este é o fato mais grave de todos” anda meio desmoralizada tal é a sequência impressionante de revelações dos últimos meses. Mas o que a “IstoÉ” publicou sobre a delação de Delcídio justifica usá-la novamente.

Este pode ser o início de um calendário tenebroso para um governo que já não consegue governar. Está por vir uma sucessão de eventos que pode nocautear de vez o Planalto.

Até o final deste mês, os onze executivos da Andrade Gutierrez finalizam seus depoimentos. A campanha de Dilma em 2014 será um dos pratos de resistência dessas delações.

Também em março é provável que João Santana e Mônica Moura comecem a negociar o que é a única saída do casal depois que Sérgio Moro estendeu suas prisões por prazo indeterminado — a delação premiada. Neste caso, o que eles têm para falar pode ser a explosão final. O que o casal teria de tão forte para soltar? Basta que conte em detalhes um eventual uso de caixa dois na campanha presidencial de 2014 (aliás, Santana e Mônica podem também esmiuçar as campanhas de 2006 e 2010). Para envenenar um pouco mais o caldeirão, há também a possível delação de Léo Pinheiro, em negociação com o MP. Deve-se incluir ainda no calendário a manifestação anti-Dilma do dia 13, que ganhou fôlego extra com os últimos acontecimentos. E, como se fosse pouco, em maio o TSE começa a julgar as ações que pedem a cassação da chapa Dilma/ Temer. Serão meses e meses de sessões em que o governo sangrará em cada uma delas. A previsão é que a decisão seja anunciada em setembro.

Como numa tempestade perfeita, esse cenário de trevas acontece em meio à pior crise econômica dos últimos 25 anos. Alguém crê que o Planalto terá bala na agulha para passar no Congresso algum projeto polêmico, como a reforma da Previdência ou a volta da CPMF? O governo Dilma que se arrastava, agora passará os próximos meses parado e no chão

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