• Ao comentar a crise política e econômica, vice-presidente afirma que são necessárias medidas 'ousadas' para não o País não 'afundar'
Luciano Coelho - O Estado de S. Paulo
No dia em que o vazamento da delação premiada do senador Delcídio Amaral dominou a política em Brasília por causa das citações à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Michel Temer percorreu três Estados do Nordeste, com a Caravana da Unidade, que antecede a convenção que o reconduzirá à presidência do PMDB. Em discurso no Maranhão, Temer afirmou que “não adianta tapar o sol com a peneira”, ao comentar a crise política e econômica. Disse ainda que são necessárias medidas “ousadas” para não o País não “afundar” na crise.
No Piauí, Temer lembrou momentos em que o PMDB deu sustentação a governos passados. “Agora não queremos mais apenas governabilidade, queremos governo”, discursou. Nesse momento, foi aplaudido e interrompido por um militante que mencionou indiretamente a possibilidade de impeachment da presidente Dilma.
“Agora, presidente, o senhor vai ser presidente agora, já já”, gritou. Temer riu e voltou ao tema da candidatura própria para presidente. “O PMDB tem muitas figuras de destaque que podem ser candidatas à presidência da República”. O vice afirmou que um dos caminhos para fortalecer a candidatura própria é o PMDB garantir o maior número de prefeituras do País, nas eleições municipais de outubro.
O vice tem repetido em todos os Estados visitados a pregação por unidade partidária para sair da crise e pela divulgação do programa partidário, chamado “Uma ponte para o futuro”. “Temos uma crise politica e econômica muito grave, não adianta tapar o sol com a peneira, não vale a pena. De oito, nove meses para cá, tenho dito que precisamos reunificar o País, pacificar as relações sociais”, afirmou em discurso. “Lançamos teses verdadeiramente ousadas para serem discutidas pela sociedade. Se não adotarmos estas teses mais ousadas, não teremos saída. O que queremos é saída para a crise, estamos trabalhando nessa direção, caso contrário vamos afundando na crise. Quanto mais afundarmos na crise, em um mês, dois meses, um ano, dois anos, três anos, quatro anos, cinco anos, levamos 30 anos para sair dela”, afirmou Temer no Maranhão.
O vice disse ainda que o País vive uma crise institucional “a cada 25, 30 anos”. “Temos que romper esse ciclo histórico, aplicar a Constituição com toda serenidade”, afirmou. Temer era esperado à noite em Alagoas e a previsão era de que dormisse no Mato Grosso do Sul, Estado de Delcídio Amaral, onde cumprirá agenda hoje.
Acompanhando Temer na viagem, os ex-ministros Moreira Franco (Assuntos Estratégicos) e Eliseu Padilha (Aviação Civil) voltaram a defender que o partido lance candidatura própria para a Presidência em 2018. Os dois ex-ministros saíram do governo Dilma no fim do ano passado. Para o presidente da executiva estadual do PMDB no Piauí, João Henrique Sousa, o vice-presidente tem currículo para ocupar o cargo. "Ele (Michel Temer) já foi presidente diversas vezes e tem todas as condições de ser presidente, seja por circunstâncias constitucionais ou políticas, ele será presidente”, assegurou Sousa.
Mudanças. Em sintonia, o ex-ministro Moreira Franco pediu mudanças no País. "O Brasil precisa mudar e estamos construindo as condições para isso. Vamos nos organizar para estarmos preparados para estes anseios de mudança, para deixar de ser o garantidor da governabilidade e segurar as rédeas, sermos governo. Precisamos dar um basta e já”, disse.
Moreira Franco foi ministro em duas pastas de Dilma, Aviação Civil e Assuntos Estratégicos. Hoje é o presidente da Fundação Ulisses Guimarães. Já percorreu 12 Estados e vai percorrer mais três neste fim de semana, como precursor de Temer. Ele disse que o PMDB quer construir um partido grande com o maior número de vereadores, vice-prefeitos e prefeitos, para preceder a eleição geral.
“Temos esperanças de mudanças. Nós temos voz e não temos dono. Vivemos a mais grave crise econômica da história. Temos que buscar condições para a população não perder as conquistas que já teve até agora. O governo desenvolve uma política econômica equivocada. Trouxe a inflação e a carestia de volta. As prefeituras e os estados estão totalmente quebrados, mas temos um quadro com alternativas para sair desta situação. O silêncio do governo nos força a buscar alternativas”, discursou Moreira Franco, ao lado de Temer e Eliseu Padilha, no auditório do PMDB piauiense.
Ele frisou que o PMDB busca alternativas com segurança jurídica e constitucional. “Não optamos por aventuras. Buscamos o crescimento econômico. Mas vimos que o governo vive sem parâmetros e queremos evitar viver uma situação pior”, acrescentou Moreira Franco.
O vice-presidente adotou um tom mais ameno. Temer disse que o PMDB tem um programa de governo pronto para o País. “Queremos o governo e não apenas sermos os garantidores da governabilidade”, frisou. O Piauí foi o 13º Estado da caravana da unidade, e Temer seguiu para Alagoas, terra do senador Renan Calheiros, que ensaiou uma disputa com ele na convenção nacional. Até a próxima semana, a caravana vai fechar 23 estados com o discurso de unidade do partido ou separatista do governo.
“Estamos nessa campanha pelo Brasil para unificar o PMDB e não vamos ter nenhuma disputa no dia 12. Será uma chapa única. Estamos numa crise tão grave que o valor que mais se sobreleva é o fator país, para sair da crise. Há movimentos nessa direção feitos pelo PMDB. Percebemos que precisamos lançar uma mensagem para o País de forma positiva que é a ponte para o futuro”, disse Temer
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