- O Globo
*Senador derrotou Freixo por 59,36% a 40,64% dos votos *Vitorioso diz que não cairá na ‘praga maldita da vingança’ *Conheça os principais desafios que o novo prefeito enfrentará
Líder da Igreja Universal, o senador Marcelo Crivella (PRB) foi eleito prefeito do Rio em eleição marcada pelo alto índice de abstenção, votos em branco e nulos. Tanto Crivella quanto Marcelo Freixo, candidato derrotado do PSOL, tiveram menos votos do que o total de eleitores que não optaram por nenhum dos dois (mais de 2 milhões). Com vitória expressiva na Zona Oeste, o senador obteve 1,7 milhão de votos, ou 59,36% dos válidos. Já Freixo, que venceu apenas na Zona Sul e em parte da Zona Norte, teve 40,64%. No discurso da vitória, ao lado de Clarissa Garotinho, Carlos Osorio, Indio da Costa e Flávio Bolsonaro, o bispo agradeceu a eleitores de todas as religiões e disse que não cairá na “praga maldita da vingança”. “O processo eleitoral termina aqui”, afirmou. Freixo, que se negou a cumprimentar o adversário, disse que a eleição é “só o começo de uma luta muito grande”.
Nova ordem
• Com recorde de abstenção, Rio elege Crivella, bispo licenciado da Universal
Um Rio de desafios espera por Marcelo Crivella (PRB), eleito para suceder a Eduardo Paes no comando da cidade. Depois de um segundo turno intenso, um dos mais agressivos de sua História, os cariocas escolheram ontem o primeiro representante da Igreja Universal a comandar um cargo executivo de grande estatura no país. Foi a opção por um caminho novo, após oito anos de comando do PMDB.
Pela frente, uma herança a administrar, como o legado olímpico, um punhado de projetos a tocar, como a conclusão do BRT, e uma série de lacunas a preencher. O Rio ainda é uma cidade em que mais da metade do esgoto é lançada em lagoas; que teve, no ano passado, o maior número de postos de trabalho fechados no país; e onde o tempo médio para marcar consultas médicas chega a 39 dias.
Também caberá a Crivella assimilar uma mensagem clara das urnas, traduzida pelo alto número de abstenções e de votos em branco e nulos. A soma, em números absolutos, resulta em 334 mil votos a mais do que os que recebeu o prefeito eleito. Um resultado histórico, que indica um desalento dos cariocas com seus representantes.
O cenário era previsto, tanto que Freixo, na reta final, transformou em mantra a tentativa de demover o eleitorado de anular o voto. Isso depois de uma exaustiva disposição de desconstruir a imagem do adversário. Os dois trocaram acusações e agressões nas duas últimas semanas. O candidato do PSOL cresceu de forma inesperada na véspera do segundo turno, mas não o suficiente para virar o jogo.
No primeiro discurso após a vitória, Crivella, em um clube na Zona Oeste, sinalizou que não levará mágoas ao Palácio da Cidade. Já Freixo, a um público de militantes na Lapa, não mostrou propensão para a trégua, ao falar que a hora é de “lutar pela cidade”.
Freixo sai maior do que entrou na eleição. O PSOL, no entanto, a despeito das expectativas, perdeu também em Belém. A derrota do partido simboliza a repulsa de grande parte do eleitorado às legendas de esquerda. O PT foi varrido do próprio berço. Perdeu o comando nos municípios do ABC Paulista. E encolheu ainda mais seu poder.
O PSDB amanhece hoje com o maior número de prefeituras no país, entre elas uma já vencida no primeiro turno, a de São Paulo, com João Doria à frente. Mas amargou revés em Belo Horizonte, mais uma derrota pessoal de Aécio Neves em casa. Pela 1ª vez no Executivo, o paulista Doria, Crivella, no Rio, e Alexandre Kalil (PHS), em Belo Horizonte, atendem a uma outra voz das urnas. A opção pelo inédito.
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