Por Raymundo Costa – Valor Econômico
BRASÍLIA - Em reunião para avaliar o primeiro turno das eleições municipais, a Executiva Nacional do PT decidiu declarar apoio "incondicional" aos candidatos do Psol, PCdoB, PDT e Rede que disputam o segundo turno nas capitais. O "incondicional" é uma tentativa de frear as negociações por cargos, principalmente no Rio, onde Marcelo Freixo (Psol) enfrenta Marcelo Crivella (PRB). O esperado embate interno petista ficou adiado para novembro, em reunião do Diretório Nacional para discutir um novo comando.
Com interesse direto na eleição em segundo turno de sete cidades, inclusive uma capital, Recife (PE), onde disputa com o ex-prefeito João Paulo, o PT preferiu deixar as brigas para depois e não aprofundar as divergências que ficaram evidentes na reunião. A renovação da direção partidária será antecipada, mas nada ainda está definido sobre o processo sucessório. Nem qual será o papel do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na nova configuração. Grupos mais à esquerda defenderam uma resolução mais contundente em relação aos erros do partido que levaram à derrota de 2 de outubro. Os mais moderados argumentaram que a sigla cometeu erros, ampliados pela "criminalização" do partido.
Para compatibilizar as diversas opiniões, a nota afirma que o PT deve fazer uma autocrítica, mas destaca que uma ofensiva contra a sigla existe desde a época do mensalão - o escândalo da compra de votos denunciado e investigado em 2005. Para o PT, essa ofensiva é que resultou numa "derrota profunda" nas eleições de domingo e num "avanço conservador" no país.
Sem forçar nas tintas, o PT diz que a derrota se deve muito à política econômica adotada pela ex-presidente Dilma Rousseff, a partir de 2015, que os adversários classificaram de "estelionato" eleitoral. "O PT e a esquerda não conseguiram reconquistar o apoio, a confiança e a identidade da classe trabalhadora, dos pobres e dos setores médios, inconformados com o ajuste fiscal implementado pelo nosso governo", diz a nota.
O PT também procura se distanciar das dificuldades econômicas enfrentadas pelo governo do presidente Michel Temer. "Mesmo afastado do governo desde maio, continuam a ser atribuídas ao PT, de forma direta ou indireta, as enormes dificuldades da economia, agravadas pelo programa ultraliberal, antinacional e antipopular aplicado pelo governo golpista".
Segundo os petistas, "basta ver a campanha veiculada agora pelo governo usurpador, com um slogan [Vamos tirar o Brasil do vermelho para voltar a crescer] de duplo sentido e que deixa evidente, ademais, a intenção de liquidar o PT". A nota reconhece que o partido não teve sucesso "em construir uma contra-narrativa capaz de desmascarar o programa defendido pelas forças golpistas e associá-lo a seus projetos privatistas para as cidades", diz a resolução.
Além do apoio aos tradicionais aliados à esquerda, a direção do PT convocou a militância do partido "a cerrar fileiras" em torno das sete candidaturas petistas remanescentes: Recife (PE), Juiz de Fora (MG), Santo André (SP), Mauá (SP), Vitória da Conquista (BA), Santa Maria (RS) e Anápolis (GO). "É decisivo envidar esforços para unir o eleitorado democrático e popular, abrindo nossas campanhas para todos e todas que desejarem compartilhar dessa empreitada.
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