- O Globo
• Em 1968, mineiro chegou a ser detido por militares. Deputado pelo MDB, foi um dos articuladores da Anistia
Mineiro de Uberaba, Antônio Modesto da Silveira ficará para a história como o advogado que mais defendeu presos políticos e familiares de desaparecidos e sequestrados durante a ditadura. Filho de lavradores sem-terra, na infância seguiu a profissão dos pais e, aos 17 anos, já trabalhava numa pedreira, produzindo paralelepípedos. Ele chegou ao Rio em 1948, para concluir os estudos secundários. Bacharelou-se em Direito pela antiga Universidade do Brasil, atual UFRJ, dois anos antes do golpe.
Com os militares no poder, logo passou a defender os perseguidos do novo regime. Em 1968, após o AI-5, chegou a ser detido pelo DOI–Codi (Destacamento de Operações de Informações-Coordenação de Defesa Interna).
“Hitler morreria de inveja ao conhecer tudo que se fazia no Brasil e também no Chile e na Argentina. As lágrimas correm até hoje, duram já 50 anos”, disse ele ao GLOBO em 2014 durante o Ocupa Dops, no Centro do Rio.
Na década de 1970, virou advogado voluntário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Em 1978, foi o deputado federal mais votado de esquerda do Rio, pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). A campanha foi liderada por universitários e famílias de presos políticos. No Congresso, se tornou um dos articuladores da Lei de Anistia.
Filho do desparecido político Fernando Santa Cruz, o presidente da Ordem dos Advogados do Rio (OAB-RJ), Felipe Santa Cruz, afirma que Modesto da Silveira, que defendeu sua família, foi advogado “no período mais terrível da nossa história” e deixa “um modelo de advocacia" a ser seguido.
Entre outras atividades, foi membro do Conselho Mundial de Paz (CMP), órgão consultivo das Nações Unidas, e participou da instalação da Comissão da Verdade. Pai de três filhas, morreu ontem, aos 89 anos, no Rio. A causa não foi divulgada pela família. O velório será hoje, a partir das 8h, na OAB-RJ (Avenida Marechal Câmara 150)
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