• Detenção do ex-governador fluminense traz novo transtorno para o partido no Estado e ainda complica a situação do ex-presidente, um dos principais parceiros
Ricardo Brito e Adriana Fernandes - O Estado de S. Paulo
A prisão do ex-governador do Rio Sérgio Cabral em nova fase da Operação Lava Jato é um baque para o já combalido PMDB fluminense e um revés para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi o principal parceiro do peemedebista quando esteve à frente do Palácio do Planalto.
O PMDB do Estado vinha sofrendo nos últimos meses uma forte perda de expressão política e dificilmente vai se reerguer em curto prazo. A cassação e detenção do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha – que já almejou planos presidenciais -, o fato de o prefeito da capital, Eduardo Paes, não ter conseguido fazer o sucessor nas eleições municipais e os protestos contra o ajuste fiscal do atual governador, Luiz Fernando Pezão, são o pano de fundo da legenda.
A detenção de Cabral coloca ainda mais em xeque as dificuldades políticas de se aprovar o pacote que Pezão enviou à Assembleia Legislativa do Rio, alvo ontem de uma tentativa de invasão. Será que os servidores do Estado, os principais chamados a pagar a conta do ajuste, vão topar ficar calados após a prisão de ex-governador sob suspeita de corrupção e desvio de recursos públicos? Pouco provável.
Ao mesmo tempo, a discussão sobre a ajuda federal ao Rio voltará a crescer. O governo Michel Temer e aliados no Congresso articulam montar uma operação financeira emergencial para aportar recursos ao Estado.
Temer tem se mantido distante dos problemas do Rio, mas pode ser instado a se manifestar se Pezão cumprir sua ameaça e pedir uma intervenção federal (assunto que estava no radar das autoridades, conforme o Broadcast antecipou, desde agosto). Se isso ocorrer, qualquer tramitação de Proposta de Emenda à Constituição, como a PEC do Teto dos Gastos, terá de ser congelada, com prejuízos enormes para o ajuste federal. Em qualquer circunstância, o atual presidente não conseguirá ficar impassível diante da situação do Rio.
Sitiado pessoalmente pela Lava Jato, Lula, por sua vez, vê mais um dos seus principais parceiros do PMDB ser preso. As obras da gestão Cabral sob suspeita – como a reforma do Maracanã, o PAC Favelas e o Comperj da Petrobras – foram gestadas no governo do ex-presidente e com aporte de recursos federais.
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