• Prefeito Eduardo Paes se cala, e governador Pezão divulga nota de 14 palavras sobre prisão
Ruben Berta - O Globo
No dia da prisão de Sérgio Cabral, a defesa mais ferrenha do ex-governador no Rio ficou por conta de dois caciques do PMDB: o atual e o ex-presidente da Alerj, deputados Jorge Picciani e Paulo Melo. Os dois comandaram a Casa, respectivamente, na primeira e na segunda gestão de Cabral.
A postura dos deputados contrastou com um clima de afastamento por parte de outros parlamentares da base do governo e do prefeito Eduardo Paes, que não quis se manifestar sobre o caso. O governador Luiz Fernando Pezão divulgou uma nota de apenas 14 palavras: “Espero que tudo seja esclarecido, a partir da garantia do amplo direito de defesa”.
O presidente da Alerj participou de reuniões fechadas ontem para discutir a situação financeira do estado e tentou se esquivar da imprensa ao entrar no plenário da Casa. Ao ser perguntado sobre Cabral, porém, ele não titubeou.
— Decisão judicial não se discute. Ele terá a defesa dele, e acredito que provará sua inocência — afirmou Picciani.
Paulo Melo foi ainda mais enfático e criticou a prisão do ex-governador:
— É algo que entristece a todos. Eu, particularmente, queria saber o motivo dessa prisão, tendo em vista que o Cabral está sendo investigado, não tinha sido ouvido ainda, e que não há nenhuma prova de que ele tenha obstruído a investigação. Melo também classificou a prisão como “desnecessária”:
— Não se trata de defendêlo, mas vivemos num período onde a prisão preventiva tornou-se uma rotina. Hoje, um criminoso comum consegue ser liberado com muito mais facilidade com um habeas corpus do que alguém que é ligado à política.
Se teve a solidariedade de Melo e Picciani, Cabral não pode dizer o mesmo de Eduardo Paes. De olho numa candidatura ao governo estadual em 2018, o silêncio do prefeito do Rio, que passará uma temporada em Nova York assim que deixar o cargo, já pode sinalizar até novos rumos fora do PMDB.
Ainda na Alerj, o líder do PMDB na Casa, André Lazaroni, que foi secretário de Esporte no governo de Cabral, afirmou que é cedo para avaliar o impacto da prisão para o partido.
— (A prisão) Foi surpreendente e negativa. Mas não dá para dizer o que irá acontecer — disse Lazaroni. — Tinha apenas uma relação política com ele (Cabral), mas não é meu amigo, eu não frequentava a casa de Mangaratiba.
Prefeito eleito de Belford Roxo, na Baixada, o deputado estadual peemedebista Waguinho afirmou que a prisão de Cabral não prejudicará seu partido:
— Isso é uma coisa individual, dele, Cabral.
Outros integrantes da base, que preferiram o anonimato, disseram que a insatisfação com o partido é grande, graças também à crise financeira do estado, e que pode haver uma debandada do PMDB do Rio na próxima janela eleitoral.
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