• Ex-premier e ex-ministro disputarão segundo turno de primárias
- O Globo
-PARIS- Na noite de ontem, enquanto Benoit Hamon e Manuel Valls eram anunciados vencedores no primeiro turno das primárias em que a esquerda francesa escolhe seu candidato às eleições presidenciais de abril, François Hollande visitava uma central de produção de energia no Deserto do Atacama, uma região cuja aridez e isolamento serve de metáfora para a situação atual do Partido Socialista. No próximo domingo, Hamon e Valls disputarão o segundo turno das primárias cientes de que são poucas as chances da esquerda eleger o novo presidente da França.
Benoit Hamon, ex-ministro da Educação de Hollande (ele deixou o cargo em 2014 criticando a política econômica do governo, que acreditava ser liberal demais), ficou em primeiro lugar com 36,1% dos votos.
— Ao me colocar em primeiro, vocês deram uma mensagem clara de esperança e renovação, exprimindo o seu desejo de abrir uma nova página para a esquerda — afirmou Hamon, que ganhou apoio de Arnaud Montebourg, o terceiro colocado na primária de ontem.
Já o ex-primeiro-ministro Manuel Valls ficou em segundo lugar com 31,2% dos votos, partindo para o ataque já no discurso de agradecimento.
— Uma nova campanha começa esta noite. Uma escolha clara se apresenta para vocês e para nós: entre a certeza da derrota e a possibilidade da vitória. Governar é difícil, mas é transformar o cotidiano das pessoas. Eu me recuso a abandonar os franceses à própria sorte — disse Valls, que já tem assegurado o apoio de Sylvia Pinel, da esquerda radical.
CANDIDATO INDEPENDENTE
O Partido Socialista perdeu apoio depois que o governo de François Hollande — eleito em 2012 com 51,6% dos votos — não conseguiu alavancar a economia da França. Com a popularidade em baixa, ele anunciou em dezembro de 2016 que não tentaria a reeleição. De fato, o comparecimento ao primeiro turno das primárias ontem foi menor do que em 2011, quando Hollande foi escolhido: “entre 1,5 e 2 milhões, mais próximo de 2 milhões, contra 2,7 milhões”, como disse Thomas Clay, do comitê organizador das primárias socialistas.
Assim, a esquerda chegará dividida à eleição presidencial de abril: o vencedor da primária socialista — Benoit Hamon ou Manuel Valls — certamente dividirá votos com Emmanuel Macron, ex-ministro da Economia do governo Hollande que concorre como candidato da esquerda independente.
Pesquisas indicam que a eleição presidencial deverá ser decidida entre o conservador François Fillon e a líder da Frente Nacional Marine Le Pen. Enquanto Marine defende ideias da extrema-direita, como o controle da imigração e a saída da França da União Europeia, François Fillon é a favor do corte de impostos para empresas, o relaxamento da legislação trabalhista e a eliminação de 500 mil postos de trabalho no setor público.
No mesmo fim de semana em que a esquerda francesa começou a escolher o seu candidato à presidência, duas passeatas ocuparam as ruas de Paris. No sábado, 7 mil pessoas protestaram contra Donald Trump, em apoio à marcha das mulheres organizada nos EUA. No domingo, mais de 10 mil opositores ao aborto, segundo a polícia, e 50 mil, segundo os organizadores, saíram às ruas da capital na Marcha pela Vida.
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