Gustavo Uribe, Letícia Casado, Catia Seabra | Folha de S. Paulo
PORTO ALEGRE - Com o receio de indicar alguém que passe a mensagem pública de interferência no Poder Judiciário, o presidente Michel Temer avalia para o STF (Supremo Tribunal Federal) nomes com perfis e trajetórias semelhantes aos do ministro Teori Zavascki.
O peemedebista tem sido orientado por assessores presidenciais e por conselheiros informais a optar por um nome técnico, apartidário e discreto, com passagem em um dos tribunais superiores do país, evitando se indispor, assim, com os demais ministros da Suprema Corte ao escolher alguém com trajetória partidária ou que integre o governo federal.
Em conversas reservadas, auxiliares e aliados do presidente passaram a citar no final de semana nomes como os de Isabel Galotti, Luis Felipe Salomão e Ricardo Villas Cueva, ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça), e Ives Gandra Filho, presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho).
Além deles, o entorno do peemedebista tem lembrado do tributarista Heleno Torres, que já foi cotado no governo Dilma Rousseff para assumir vaga no Supremo. Ele é próximo do ministro Ricardo Lewandowski, que foi seu colega na USP (Universidade de São Paulo), e sua indicação teve o apoio à época do então ministro Luis Inácio Adams, da AGU (Advocacia Geral da União).
Próximo a Temer e ligado ao PSDB paulista, o ex-procurador do Ministério Público de São Paulo Luiz Antonio Marrey, que foi secretário estadual no governo tucano, é citado. Mas sua relação política é apontada como contrária ao perfil buscado pelo presidente, o que tem levado seus defensores a tentar desvencilhá-lo da sigla.
A escolha de um substituto para Teori, morto na quinta-feira (19) em um acidente aéreo em Paraty (RJ), foi um dos assuntos discutidos nas rodas de conversas durante o velório do ministro no sábado (21), em Porto Alegre.
A possibilidade do presidente escolher os ministros Alexandre de Moraes (Justiça) e Grace Mendonça (AGU) foi criticada por magistrados e advogados, para os quais a vinculação de ambos com a atual administração pode gerar uma repercussão negativa no Poder Judiciário.
Na cerimônia fúnebre, o peemedebista disse que escolherá o sucessor de Teori após o STF definir quem será o relator dos processos da Operação Lava Jato.
Nas palavras de um assessor presidencial, o objetivo da iniciativa foi reforçar a ideia de que o governo não pretende interferir nas investigações em andamento.
AVAL DE MINISTRO
No sábado (21), Temer teve uma conversa com o ministro do STF Gilmar Mendes, que almoçou no mesmo dia com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Mendes se transformou em uma espécie de conselheiro informal do peemedebista sobre assuntos jurídicos e deve passar por ele a escolha de um nome. Outros ex-ministros da corte, como Ayres Britto e Ellen Gracie, também têm aconselhado o presidente.
Para evitar um aprofundamento na relação desgastada, Temer deve consultar a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, antes de anunciar a decisão final.
Os dois, que divergiram no início do ano por causa de decisão sobre uma dívida do governo do Rio de Janeiro, se encontraram no velório no Rio Grande do Sul, porém praticamente não se falaram desde a morte de Teori, na quinta-feira (19).
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