- Folha de S. Paulo
Três fatores preponderam para traçar o destino de Michel Temer no Planalto: o julgamento do TSE, a denúncia que está por vir da Procuradoria-Geral da República e a prisão de Rodrigo Rocha Loures.
De alguma maneira, todos se cruzam na crise. Se por um lado o presidente avalia ter maioria para ser absolvido na ação eleitoral, por outro, se for concluído nos próximos dias, o processo deixa de ser uma alternativa de negociação para a saída do peemedebista do cargo diante de um cenário político irreversível.
E por que seria importante para Temer deixar a porta do TSE entreaberta? Não há dúvidas em Brasília de que o procurador-geral, Rodrigo Janot, o denunciará em breve. Temer será um presidente denunciado, e o roteiro, previsível: nas cordas, ele precisará negociar com os deputados a recusa da ação penal - pelas regras, dois terços da Câmara têm de dar autorização ao Supremo para instalar qualquer processo por crime comum contra o presidente.
Temer terá de ceder, abrir os cofres, distribuir cargos. Será uma batalha inédita e constrangedora para o titular da cadeira presidencial. Soma-se a isso a provável permanência na prisão, por tempo indeterminado, de Rocha Loures, o homem da mala e ex-assessor palaciano.
Apesar do discurso do advogado de Loures de que não há delação prevista, só a hipótese de que mude de ideia já atormenta o presidente.
O desembarque do indeciso PSDB pode ser acelerado, por exemplo, com a denúncia da Procuradoria e novos fatos envolvendo Loures.
E sem aliança formal com os tucanos, Temer perde força para barrar o processo no STF. Se o TSE absolvê-lo, restará a renúncia como mecanismo de saída (impeachment não vinga pela demora na tramitação).
Criou-se o estigma no país de que renúncia é sinal de fraqueza e covardia -como se o cargo pertencesse às pessoas e não às instituições. Por isso, para Temer, o julgamento eleitoral não pode terminar agora.
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