- Folha de S. Paulo
Com a página da denúncia da PGR virada, Michel Temer entra hoje em contagem regressiva de 14 meses para o fim do mandato. Na prática, serão dois governos: um até 31 de março e o outro a partir de abril, após a saída dos ministros que disputarão as próximas eleições.
A debandada não será pequena. O Planalto estima que ao menos 15 chefes de pasta da Esplanada deixarão o posto. Sem somar o nome de Henrique Meirelles, o presidenciável que vai se manter como incógnita até os 45 do segundo tempo.
Denunciada junto com Temer, a dupla Eliseu Padilha e Moreira Franco deve permanecer. Menos por lealdade ao chefe e mais porque eles querem evitar os escaninhos de Sergio Moro, hipótese que pode se tornar realidade se saírem do governo.
Aliás, assim como Temer, ambos terão contas a acertar com a primeira instância em 2019, a não ser que se mantenham em cargo com foro.
Diante do cenário pós-abril, Temer tem pressa em aprovar a agenda econômica. Sabe que, a partir de então, perderá força no Congresso sem ministros indicados por bancadas de peso, como PR, PSD e DEM. Além disso, em ano de eleição, deputados fogem de temas controversos. Pensam na urna, não no país.
A lista de pendências é enorme: MPs do ajuste fiscal, a reoneração da folha, a reforma da Previdência, a simplificação tributária e temas diversos, entre eles o acordo dos "céus abertos" celebrado com os americanos no governo Dilma e até hoje não votado pelo Congresso.
Aliados próximos do presidente admitem assumir o risco de deixar para 2018 a votação da mudança previdenciária –sem votos para bancar alteração constitucional, seria melhor focar até o fim do ano em assuntos que precisam de menos apoio, mas que rendem também relevantes dividendos econômicos.
A economia enfim dá sinais reais de melhora e o legado final do governo Temer depende muito dos próximos meses. O tempo é curto.
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