Por Fernando Taquari e Daniela Chiaretti | Valor Econômico
SÃO PAULO - De olho em uma eventual aliança na eleição presidencial, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) fez ontem uma série de elogios à ex-senadora Marina Silva e sugeriu que uma aproximação com a pré-candidata do Rede Sustentabilidade seria bem-vinda. O tucano, porém, procurou ser cauteloso ao tratar da possibilidade de um acordo com a ex-senadora, cuja a premissa seria ter ele na cabeça de chapa.
"Não posso cometer uma indelicadeza dessas com um pré-candidato que está trabalhando [para se viabilizar]. Independentemente de disputar ou não, Marina é uma pessoa pela qual tenho até apreço pessoal. Eu gosto do estilo da Marina", disse Alckmin após encontro, na capital paulista, com empresários da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB).
As declarações do tucano foram dadas no mesmo dia em que foi lançado, em Brasília, um manifesto suprapartidário pela união das candidaturas presidenciais de centro. Há especulações de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um dos signatários da iniciativa, estaria propondo, em conversas de bastidores, uma aproximação entre Alckmin e Marina.
Aliados do ex-governador avaliam que a aliança com a ex-senadora seria positiva. No entanto, não acreditam nesta hipótese. Argumentam que nenhum dos dois pré-candidatos ao Palácio do Planalto estão dispostos a abrir mão da cabeça de chapa.
Em meio aos rumores, o presidenciável do PSDB fez questão de ressaltar as qualidades da ex-senadora ao classificá-la como "idealista, correta e com espírito público". Alckmin disse, inclusive, que Marina amadureceu e parece mais disposta ao diálogo. "É uma pessoa lúcida, amadurecida. Tem convicções, mas não radicalismos", frisou.
Há duas semanas, em reunião com empresários do setor varejista, Alckmin afirmou, sem entrar em detalhes, que gostaria de ter uma mulher na vice. Marina, no entanto, não dá sinais de que possa se aliar ao PSDB. A ex-senadora negou conversas ou articulações neste sentido. "Não é verdade que fui abordada para discutir uma aliança de centro", disse em nota a pré-candidata do Rede.
"Desde 2010 que, em consonância com o desejo de mudança que perpassa diversos setores da sociedade brasileira, venho fazendo o esforço de quebrar a polarização que levou o país a essa grave crise", acrescentou numa referência ao PT e ao PSDB, que polarizam o cenário político desde 1994. "Nossa pré-candidatura em 2018 continua na mesma direção: de independência à polarização e a favor do Brasil", concluiu Marina.
Um eventual acordo com o Rede serviria como um contraponto para o presidenciável do PSDB no momento em que ele enfrenta um "quadro de maré baixa", como define um interlocutor. Acossado por investigações que apontam dinheiro de caixa dois em eleições passadas, Alckmin está sob pressão de dirigentes tucanos que apontam erros e lhe cobram um melhor planejamento na pré-campanha em meio aos resultados pífios nas pesquisas de intenção de voto.
Ontem, o tucano voltou a minimizar as sondagens e o potencial do adversário do PSL, o deputado Jair Bolsonaro (RJ), que aparece na liderança nos cenários sem o ex-presidente Lula. "Acho que ele [Bolsonaro] não chega no segundo turno. Vocês se impressionam com pesquisa antes da hora. A eleição vai começar depois que souberem quem são os candidatos, depois da Copa do Mundo e duas semanas depois que começar a campanha no rádio e na TV", ressaltou.
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