O
general Rêgo Barros era um alegre propagandista do presidente Jair Bolsonaro.
Agora se juntou à tropa dos desiludidos com o capitão.
Em
artigo no “Correio Braziliense”, ele criticou um certo líder seduzido por
“comentários babosos” e “demonstrações alucinadas de seguidores de ocasião”.
“Sua audição seletiva acolhe apenas as palmas. A soberba lhe cai como veste”,
escreveu. O general não precisou citar nomes. Seu alvo era Bolsonaro, de quem
foi porta-voz.
Rêgo
Barros fracassou na tentativa de estabelecer alguma civilidade no trato do
governo com a imprensa. Foi sabotado pelo próprio chefe, que o desautorizava
diariamente na portaria do Alvorada. Demitido em agosto, ele reforçou o clube
dos militares amargurados. O patrono da turma é o ex-ministro Santos Cruz,
derrubado pela artilharia dos filhos do presidente.
Varrido
do Exército por indisciplina, Bolsonaro parece ter prazer em humilhar oficiais
superiores. Na semana passada, ele expôs o general Eduardo Pazuello a uma
desmoralização pública. Depois permitiu que um ministro civil chamasse o
general Luiz Eduardo Ramos de “Maria Fofoca” e “Banana de Pijama”.
Em
seu artigo, Rêgo Barros traçou o destino dos militares que não se curvam ao
capitão: “Alguns deixam de ser respeitados. Outros, abandonados ao longo do
caminho, feridos pelas intrigas palacianas”. O general também criticou aqueles
que, pela sobrevivência, optam por uma “confortável mudez”. Só faltou explicar
por que ele passou um ano e oito meses no pelotão dos mudos.
Além
de silenciar diante de abusos, o ex-porta-voz protagonizou momentos de
bajulação explícita. “Em qual cidade nosso presidente chega e não é
ovacionado?”, questionou certa vez, ao divulgar uma viagem do chefe.
Os
oficiais pendurados no governo não foram vítimas de sequestro. Alistaram-se
voluntariamente no projeto de Bolsonaro, em busca de um atalho para voltarem ao
poder. Alguns se julgavam capazes de tutelar o presidente extremista. Outros só
pensavam em engordar os contracheques.
Hoje muitos generais querem subscrever as queixas de Rêgo Barros. Antes disso, deveriam fazer uma autocrítica. Eles sempre souberam quem era o capitão.
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