Quando a
pandemia do novo coronavírus passar, a medicina nunca mais será a mesma. As
consultas por teleconferência, introduzidas em massa durante a pandemia, vieram
para ficar
A
Prefeitura de Vitória (ES) tem uma das melhores redes de atendimento básico à
saúde do país, resultado de sucessivas administrações, mas, sobretudo, do
avanço tecnológico promovido pelo atual prefeito, Luciano Rezende (Cidadania),
que encerra o seu segundo mandato. Com as inovações, foi possível ampliar o
atendimento em 30%, sem contratação de médicos ou construção de novos postos de
saúde. Qualquer cidadão atendido na rede, inclusive nos dois pronto
atendimentos (PAs) da cidade, recebe um torpedo no celular para dar uma nota de
0 a 10 de avaliação do atendimento. A nota média, em setembro, mesmo na
pandemia da covid-19, foi 9,11. O ovo de Colombo surgiu depois de uma viagem de
avião, quando o prefeito recebeu uma mensagem pedindo uma nota de avaliação do serviço
da companhia aérea.
A
revolução tecnológica começou pelo Pronto Atendimento de São Pedro, antiga
região de palafitas, erradicadas nas administrações de Vitor Buaiz (PT) e Paulo
Hartung (MDB). Na administração do tucano Luiz Paulo Velozzo Lucas, da qual
Rezende foi secretário de Saúde e de Educação, esses serviços foram ampliados.
Mas, foi preciso muita inovação tecnológica para que a gestão da saúde fosse
focada 100% na ponta do atendimento ao público. Quando os torpedos começaram a
ser disparados, houve muitos questionamentos, porque tudo influencia a
avaliação, e não apenas o atendimento médico propriamente dito. O PA de São
Pedro, por exemplo, foi o mais mal avaliado. Esse resultado levou a que os
diretores dos dois melhores postos de saúde da cidade fossem transferidos para
lá, onde a população mais pobre da cidade é atendida na emergência, 24 horas,
todos os dias, inclusive domingos e feriados. A média da avaliação dos
usuários, em setembro passado, foi de 8,66. Mesmo com a pandemia, a menor nota
de avaliação do PA de São Pedro foi 7,29, em março.
A
chave para o alto desempenho foi a sinergia entre as secretarias de Saúde e da
Fazenda, que colocou o time da subsecretaria de Tecnologia de Informação para
desenvolver soluções que melhorassem a gestão da Saúde, obrigada a fazer mais
com menos, devido à queda de 25% da arrecadação da cidade, com o fim do Fundap
(fundo de desenvolvimento extinto em 2002, que beneficiava o complexo
exportador capixaba). Ao contrário de outros municípios, que estão na latitude
dos poços da Bacia de Campos, Vitória se beneficia pouco dos royalties de
petróleo destinados aos capixabas.
Além
da rede de postos de saúde e centros de referência, a prefeitura mantém
atendimentos psicossocial para adultos e infantojuvenil, de prevenção e
tratamento de toxicômanos, atenção a idosos, gestantes e pediatria. São
oferecidos serviços de cardiologia, dermatologia, endocrinologia,
gastroenterologia, neurologia, obstetrícia (alto risco), oftalmologia, ortopedia,
otorrinolaringologia, proctologia, psiquiatria, reumatologia, urologia,
homeopatia, acupuntura e pequenas cirurgias, além de tratamento odontológico
(radiologia, endodontia, periodontia e prótese dentária), e de diagnóstico de
câncer de boca. Tudo gratuito. Além de equipes de médicos de família, agentes
comunitários de saúde e orientadores de exercícios físicos.
E quando é que os jabutis subiram na árvore? Quando a pandemia do novo coronavírus passar, a medicina nunca mais será a mesma. As consultas por teleconferência, por exemplo, que foram introduzidas em massa na rede pública de Vitória durante a crise sanitária, vieram para ficar, assim como outras inovações tecnológicas introduzidas por lá. Acontece que grandes empresas de tecnologia já estão operando na área médica, aqui no Brasil, como a Afya, que oferece ensino especializado e treinamento a distância em larga escala (Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Piauí, Pará, Tocantins e Distrito Federal). Há grande interesse na gestão dos serviços do SUS. As soluções que a Prefeitura de Vitória oferece de graça às demais prefeituras do país, via Frente Nacional de Prefeitos, na ótica dos grupos de medicina privada, são um grande business inexplorado. Por isso, as unidades básicas de saúde inacabadas do governo federal são quatro mil jabutis. Falta descobrir quem armou o “jabutizeiro” do SUS, que é muito maior. Com certeza, não foi enchente, foi mão de gente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário