Apesar de armistício, petistas e pedetistas dizem que diferenças políticas permanecem
Um
ano após a eleição presidencial, Ciro Gomes (PDT) deu uma entrevista em que
chamou o comando do PT de “um bando de ladrão e mentiroso”. Meses depois, ele
disse que Lula era o líder das “falcatruas” do partido. “Perdi o respeito por
ele, completamente”, declarou.
Os
dois se estranharam em público por um bom tempo, até que aceitaram se
encontrar para uma longa conversa reservada, no início do mês
passado. Ciro e Lula selaram um armistício, discutiram os movimentos da oposição
ao governo Jair Bolsonaro e iniciaram uma reaproximação, como contou o jornal O
Globo.
Os
ataques cessaram desde então, mas os dois lados ainda estão céticos em relação
à possibilidade de uma composição entre o ex-governador cearense e o
ex-presidente. Segundo aliados de ambos, o encontro pode ter amenizado alguns
desentendimentos, mas as diferenças políticas permanecem.
Um
cacique do PT diz duvidar que
as desavenças sejam zeradas a tempo de permitir uma aliança
para a eleição de 2022. O próprio petista afirma que, ainda que o partido
sinalize uma união, Ciro “não acredita” que a sigla vá apoiá-lo. Como o
ex-governador também não tem motivos para abrir mão da disputa, é mais provável
que os dois fiquem separados.
Do
lado pedetista, o ceticismo é ainda maior. De acordo com um aliado, Ciro
considera ter sido traído pelo PT na corrida de 2018 e acha que a legenda ainda
trabalha para manter sua hegemonia na esquerda.
Depois
da revelação do encontro, nenhum dos lados fez qualquer aceno. A presidente do
PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a aproximação depende de “um pedido público de
desculpas” ao partido. Já Ciro fez propaganda do PDT nas eleições municipais
e destacou suas
chapas com outras siglas, ignorando o PT.
No ano passado, Ciro descartava uma aliança com os petistas e comparava a legenda ao escorpião que pica o sapo após pegar uma carona para atravessar o rio. “Não creio que seja provável. O PT tem a natureza do escorpião, como da fábula”, disse.
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