Ministro
acumulou adversários e aprofundou processo de esvaziamento político
Paulo
Guedes nunca foi conhecido pela habilidade política. Antes de tomar posse, o
ministro despertou a má vontade dos parlamentares ao sugerir
que daria "uma prensa" no Congresso para aprovar suas
propostas. Já no cargo, ampliou esses atritos e passou a sofrer oposição de
outros integrantes do próprio governo. Agora, ele também parece ter perdido a
chave do cofre.
A disputa pelo controle do Orçamento é o capítulo mais recente do processo de esvaziamento político de Guedes. Na competição por recursos e emendas, o ministro acumulou adversários dentro e fora do governo. Até aqui, a maior parte desses rivais obteve mais sucesso do que o chefe da equipe econômica.
Dependente
do Congresso, o governo fez concessões aos parlamentares na distribuição da
verba deste ano. Mas tudo indica que Guedes prometeu mais do que estava
disposto a cumprir. O ministro abriu mão do controle de uma fatia adicional de
R$ 16,5 bilhões no Orçamento, mas os deputados e senadores aumentaram esse
valor para R$ 26,5 bilhões.
Emparedado,
o ministro fez uma cobrança ao Congresso. Os parlamentares aceitaram recuar
para os R$ 16,5 bilhões originais, mas Guedes pediu mais, sob o argumento de
que o valor não cabia nas contas. Ninguém
engoliu a manobra. O presidente da Câmara afirmou que o ministro "se
excedeu no seu acordo".
Além
de ter criado um impasse com o Legislativo, Guedes também foi obrigado a
assistir ao fortalecimento de um de seus principais desafetos. Em dobradinha
com o Congresso, o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional)
triplicou a previsão de despesas de sua pasta. O chefe da equipe econômica quer
cortar parte desse ganho.
Agora, Guedes precisa convencer Jair Bolsonaro a vetar os aumentos. Ainda que consiga, o chefe da equipe econômica sai desgastado dessa novela. Depois de contratar brigas com o presidente da Câmara, o presidente do Senado, caciques do Congresso e outros ministros, ele já deve ter percebido que está em minoria.
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