Política
ambiental desastrosa do governo Bolsonaro é alvo de críticas e pode produzir
efeitos negativos para o País
O
presidente Jair Bolsonaro comparece na
condição de presidente de um país pária do clima à Cúpula de Líderes sobre o Meio Ambiente convocada
pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden,
que vai reunir líderes mundiais. Depende exclusivamente de Bolsonaro deixar
essa condição e reconduzir o Brasil à linha de frente no combate ao desmatamento ilegal e
à redução das emissões de dióxido de carbono (CO2),
responsável pelo efeito estufa.
O encontro virtual será realizado nestas quinta e sexta-feira e terá por objetivo a preparação da 26ª Conferência das Partes sobre a Mudança Climática, a ser realizada em Glasgow, em novembro deste ano, com o objetivo de atualizar o Acordo de Paris, de 2015.
Há certa mudança na postura do governo brasileiro no enfrentamento dos problemas ambientais. A posição prevalecente nestes dois anos foi a de que as pressões internacionais para o combate ao desmatamento ilegal, mais do que motivação ideológica, são alimentadas por interesses comerciais e geopolíticos.
Como
desculpa para deixar que continuassem as ações predatórias de garimpos, da
derrubada de florestas e invasões de terras indígenas, Bolsonaro repetia que
aqueles que destruíram impunemente fauna e flora da Europa e dos Estados Unidos não têm
moral para agora cobrar a preservação da Amazônia e do Pantanal. Que governos, ONGs e
instituições ambientalistas não se metessem em questões de soberania do Brasil.
Nas
últimas semanas, Bolsonaro mudou de tom, pediu US$ 1 bilhão para reduzir em até 40% o desmatamento
ilegal no prazo de 12 meses. Assim, o governo, que
justificava com alegações soberanistas sua omissão nas questões ambientais,
agora não vê mais inconveniente em receber dinheiro de potências estrangeiras
para cobrir despesas no cumprimento de metas ambientais.
Por
trás dessa mudança de postura está a influência de empresários da indústria e do agronegócio que
vêm advertindo que o Brasil corre o risco de continuar perdendo grandes
negócios e investimentos se continuar permitindo a destruição ambiental.
Relatórios
e imagens sobre os desastres no Cerrado e na Amazônia correm o
mundo e acirram as pressões para que países
adotem represálias econômicas ao governo brasileiro. O desmatamento na Amazônia em março foi o maior em
dez anos, segundo o Instituto
Imazon.
As
pressões de governadores brasileiros e de personalidades mundiais contra o
desleixo ambiental do governo Bolsonaro também crescem todos os dias e pode
produzir seus efeitos.
Por
enquanto, nenhuma promessa sobre mudança concreta da política ambiental do
governo merece credibilidade. Com as bênçãos de seu chefe, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, continua permitindo
que os desastres ambientais se multipliquem. Dia 14, o superintendente da Polícia Federal do
Amazonas, Alexandre Saraiva, acusou o ministro de acobertar os
interesses dos responsáveis pela maior apreensão de madeira ilegal já
acontecida no País e, por isso, foi exonerado de sua função.
Mais do que com discursos, Bolsonaro terá agora de convencer o mundo e também os brasileiros de que a preservação da Amazônia passou a ser objetivo de seu governo. Mas isso não acontecerá enquanto Ricardo Salles continuar passando sua boiada para o outro lado da cerca já desmatada.
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