terça-feira, 1 de junho de 2021

Mirtes Cordeiro* - O Dia do Basta!

- Blog Falou e Disse

Estaremos vigilantes, porque a vontade de viver é bem maior que o medo!

Foi bonito, demais…

Se por um lado não devia, por outro era necessário, afinal de contas nosso povo só é escutado quando sai  às ruas, a história tem demonstrado.

As ruas de mais de 200 cidades em 24 Estados brasileiros ficaram cheias de esperança; pessoas nas ruas em defesa da vida.

As pessoas saíram às ruas em defesa de se ter vacinas contra um vírus que vem matando indiscriminadamente mães, pais de famílias, jovens, crianças, não apenas por sua letalidade, mas porque o presidente da República não comprou as vacinas no tempo certo, nem permitiu que institutos como o Butantan as fabricasse, propagando as suas decisões em suas lives pessoais.

Foi o Dia do Basta!

Dia em que o povo saiu às ruas porque passou a ter mais medo do mandante de plantão do que do vírus, como anunciavam alguns cartazes exibidos nas caminhadas.

Dia em que o povo começou a se despir da apatia que tomou conta deste país, desde a eleição de 2018, e se confrontou com um governo que lhe vem arrancando um a um todos os seus direitos, até chegar ao ponto de negar o direito à vida.


A população foi à rua de forma ordeira, se utilizando dos protocolos de combate ao vírus, usando máscaras, mantendo distanciamento em suas marchas, para expressar o sentimento de repúdio à situação de abandono por que passa o país, ao deboche, ao desprezo por seu povo, pelos menos favorecidos, pela educação, pela saúde, pelas políticas públicas.

As manifestações foram convocadas por partidos de oposição, sindicatos, centrais sindicais, associações de moradores de bairros congregados em frentes sociais, como Povo sem Medo, Brasil Popular e Coalizão Negra por Direitos, e os que não foram para as ruas com medo da contaminação pelo vírus, ficaram torcendo, assistindo pelas janelas, nas redes sociais.

Foram realizadas num momento em que o país ultrapassa 461 mil mortes pela doença, sendo 2.418 registradas nas últimas 24 horas.

Pelo menos nove capitais, além do Distrito Federal, tinham ocupação acima de 90º dos leitos de UTI.

Sábado foi o dia de alertar à população e lembrar aos parlamentares que mais de 100 pedidos de impeachment estão engavetados no Congresso, sem pronunciamento daqueles que foram eleitos pelo povo.

Foi o dia em que se instalou nas ruas, oficialmente um Basta contra o negacionismo, o obscurantismo e a tentativa de enfraquecimento das instituições democráticas.

Foi também o dia da manifestação contra o desmonte das políticas públicas, contra a intensificação da grilagem de terra e dos garimpos clandestinos na Amazônia e da perseguição aos indígenas.

Um basta contra o desemprego em massa no país – a taxa de desemprego chegou a 14,6% no terceiro trimestre de 2020 -, a maior já registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na série histórica com início em 2012.

Um basta contra a carestia e a fome que se alastram pelo país.

Essas manifestações foram para alertar os parlamentares que o país está vigilante aos depoimentos da CPI da Covid-19, e que é preciso responsabilizar os culpados por não termos a vacina neste momento e por outros acontecimentos que conduziram pessoas à morte de forma precoce.

Essas manifestações foram para juntar a força necessária a dar um basta na política bolsonarista, que trama dia e noite contra a democracia, contra as instituições; que tenta armar a população para intensificar a violência; que proíbe a demarcação das terras indígenas e que não se preocupa com a segurança alimentar: “Um quarto da população brasileira, 52,7 milhões de pessoas, vive em situação de pobreza ou extrema pobreza.” (IBGE)

As manifestações ocorreram com o cuidado e a tranquilidade necessários à situação especial em que vivemos, com exceção de Pernambuco quando, em Recife, a polícia agiu com violência contra uma vereadora e outras pessoas com bombas de borracha e spray de pimenta, numa atitude vil e machista. O Governador tomou a rédea e afastou os policiais despreparados para exercer suas funções.

Estaremos vigilantes, porque a vontade de viver é bem maior que o medo!

*Mirtes Cordeiro é pedagoga.

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