- Folha de S. Paulo
Oposição nas ruas em meio à pandemia
recupera território da extrema direita
Com a popularidade em queda e tendo
pesadelos e alucinações com Lula,
Bolsonaro queimou a largada para 2022. Na semana passada, deixou Brasília
entregue ao gabinete paralelo que cuida do enfrentamento da Covid e agora da
realização da Copa América para cumprir agenda oficial em São Gabriel da
Cachoeira (AM). Inaugurou uma ponte de madeira de 18 metros de comprimento e 6
metros de largura, pinguela sobre um igarapé, numa estrada de terra pouco
usada.
Em outro ato de campanha, promoveu aquele desfile de motos a favor do vírus na orla do Rio —algo tão macabro que teve efeito reverso. Bolsonaro conseguiu o que parecia improvável em meio à pandemia. Fazer com que a oposição, em resposta, saísse às ruas, território que até então era exclusivo da extrema direita com suas pautas antidemocráticas.
O outro lado decidiu mostrar a cara. Usando
máscara e, impossível de outra maneira, aglomerando-se. Quem esteve nas
manifestações deste sábado (29) gritou duas palavras de ordem: vacina e
impeachment. Os discursos e cartazes se apoiavam no argumento de que vale a
pena arriscar a vida para salvar a vida de outras pessoas.
Arriscar-se duplamente. No Recife, a
Polícia Militar, agindo por conta própria, reprimiu os protestos com bombas de
gás e balas de borracha —dois homens, atingidos por estas, perderam a visão de
um olho. No Rio, a PM se comportou com delicadeza. O governador Cláudio Castro
destinou enorme aparato para proteger Bolsonaro e quem estava ali para apoiá-lo
—como o aloprado general Pazuello.
E, naturalmente, a CPI da Covid se transformou em palanque. Pegue-se o depoimento da capitã Cloroquina, digo, a médica Mayra Pinheiro, secretária de Gestão e Trabalho no Ministério da Saúde. Foi um festival de fraude e desinformação —peça digna dos melhores marqueteiros. Uma prévia daquilo que você irá ouvir no período eleitoral.
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