sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Fabio Giambiagi: ‘Avant première’ para 2023

O Estado de S. Paulo

O debate sobre que País queremos ter precisa ser profundo, baseado em dados e sem agressões

Este ano teremos eleições. Precisamos ter uma reflexão acerca de que País queremos ter. E esse debate precisa ser profundo, baseado em dados e sem agressões. Com esse espírito, ao longo das próximas 30 semanas, em encontros quinzenais, irei expor um conjunto de 15 propostas para discussão, com vistas a alimentar o bom debate.

Cabe aqui fazer dois esclarecimentos. O primeiro é que os pontos estão longe de esgotar o conjunto de temas sobre os quais o governo terá que se debruçar em 2023 e são listados apenas como aqueles que a mim me parecem os mais relevantes em matéria econômica. E o segundo é que se referem à economia, porque essa é a área que conheço, o que de modo algum significa que não considere outros temas importantes e sim apenas é o reconhecimento das minhas limitações.

É evidente, apenas para citar um caso, que a temática ambiental será fundamental nos próximos anos. Ocorre que nesse e em outros temaschave para o País há pessoas muito mais qualificadas para opinar, razão pela qual sigo o princípio de deixar “cada macaco no seu galho”.

O objetivo será dividir com o leitor o que creio que cabe fazer em relação aos seguintes tópicos: 1) a necessidade de optar por uma gestão econômica que assuma uma agenda de modernização que passa pela exposição da economia a uma competição crescente; 2) uma maior abertura da economia; 3) um programa realista de privatização; 4) uma mudança da questão das emendas parlamentares; 5) a Previdência, uma “não reforma”, que não deverá ser objeto de medidas em 2023, mas tema acerca do qual cabe fazer uma avaliação; 6) o teto de gastos; 7) a reforma administrativa; 8) a inevitabilidade de um programa de ajuste ter um componente de aumento da carga tributária; 9) a redefinição da estrutura ministerial, para termos uma pasta que integre as políticas sociais; 10) o abono salarial; 11) uma regra para o reajuste salarial do funcionalismo; 12) a política para o salário mínimo; 13) a revisão parcial das regras de concessão do seguro desemprego; 14) a criação de um novo programa social; e 15) a relação federativa entre a União e o conjunto dos entes subnacionais.

Uma velha raposa política me disse uma vez: “Seu problema, Giambiagi, é que você prioriza a lógica. E a pior coisa para convencer alguém a votar algo no Congresso é a lógica”. Aceitei a crítica com humor. Continuo acreditando, porém, que vale a pena insistir. Prefiro a lógica a outros instrumentos.

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