Folha de S. Paulo
Incômodo expõe generais mal-acostumados com
virtual imunidade durante anos Bolsonaro
Durante a campanha, Lula alternou
o tom de suas mensagens sobre as Forças Armadas. A certa altura, o então
candidato denunciou o envolvimento indevido dos comandos em questões de governo
e prometeu demitir 8
mil militares de cargos civis. Em outro momento, ele disse não
ter queixas sobre o comportamento dos fardados: "Os militares são mais
responsáveis do que o Bolsonaro".
Em conversas com aliados, Lula deixava claro o plano de enfrentar a contaminação política das Forças Armadas e reduzir sua influência em assuntos que não fossem da esfera militar. Os petistas reconheciam, porém, que seria preciso ter alguma cautela para evitar que potenciais atritos produzissem uma crise.
O novo presidente começou o mandato pisando
em ovos. Empossou um ministro da Defesa escolhido para agradar à cúpula militar
e aceitou a indicação de comandantes das Forças pelo
critério da antiguidade, praticamente sem interferência.
A reação da caserna não foi tão amistosa.
Lula precisou engolir uma ameaça de insubordinação na transferência da chefia
das tropas. Pela primeira vez desde a redemocratização, o antigo comandante da
Marinha se
recusou a participar da passagem de bastão ao sucessor.
O ataque de 8 de janeiro acelerou o
rearranjo inevitável da relação entre Lula e os militares. Ao longo da semana,
o presidente fez questão de pôr o dedo na ferida mais de uma vez. Na segunda
(9), afirmou que "nenhum
general se moveu" para condenar atos golpistas diante dos
quartéis. Dias depois, disse suspeitar de conivência
de "muita gente das Forças Armadas" com as invasões.
Alguns altos oficiais se queixaram dos
comentários de Lula. Talvez eles estejam mal-acostumados com a virtual
imunidade que tiveram nos anos Bolsonaro para atacar o processo
eleitoral, acobertar
o general que participou de um ato político, disparar notas intimidatórias
a serviço do presidente, oferecer lastro institucional a movimentações
golpistas e permitir que conspiradores se reunissem em área militar.
2 comentários:
"Os militares são mais responsáveis do que o Bolsonaro"
Pô, Lula, até meu filho pródigo é mais responsável do q o bolsonaro.
Excelente coluna! Pô, Anônimo, o Lula queria fazer um agrado pros milicos, depois de tê-los criticado tanto. Foi o que ele conseguiu pensar pra dizer de bom... E é uma verdade.
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