Lino Rodrigues*
DEU EM O GLOBO
Meirelles afirma que crise global não foi resolvida e pode levar a novas decepções
Ao fim de uma semana na qual o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, adotaram um tom otimista para a crise financeira, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que não se deve ceder ao que chamou de “otimismo exagerado”, diante dos sinais de recuperação de alguns setores da economia. Para o presidente do BC, não se pode confundir sinais de melhora com a superação do problema. Ao participar de um fórum que reuniu na Bahia empresários, governadores e parlamentares, Meirelles chegou a alertar: "Vamos devagar. Otimismo exagerado pode levar a novas decepções.” Um sinal de cautela é a queda da arrecadação de tributos federais, na qual o Rio teve um dos piores resultados no primeiro trimestre.
Sem "otimismo exagerado"
A qualquer sinal negativo, desespero pode voltar ao mercado, diz presidente do BC
Opresidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou ontem que a crise global não foi resolvida e que não se deve ceder ao que chamou de "otimismo exagerado", diante de sinais de recuperação de alguns setores da economia. Segundo ele, ao primeiro sinal negativo, "todo mundo, de novo, entrará em desespero".
- Não há dúvida de que há sinais importantes de recuperação da economia, e é justo comemorá-los - afirmou Meirelles. - O que não se pode é confundir sinais de melhora com a superação do problema. Já dizem que o Brasil é o porto seguro entre os emergentes. Vamos devagar... O otimismo exagerado pode levar a novas decepções.
A afirmação foi feita durante o 8º Fórum Empresarial, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) em Comandatuba, na Bahia. Além do presidente do BC, o evento, que acaba hoje, reúne empresários de vários setores, governadores e parlamentares.
- Temos que nos acautelar, porque notícias negativas podem aparecer - afirmou Meirelles.
Ele deu como exemplo os dados do PIB (soma de bens e serviços produzidos no país) no primeiro trimestre, que só devem ser divulgados em junho - e podem chegar já num momento de recuperação.
- Ou seja, esse resultado, ainda que se refira a uma fase já superada, pode frustrar o mercado, se entrarmos numa onda de euforia otimista - disse Meirelles, acrescentando que não se pode "cair na ilusão de que a maior crise desde 1929" será resolvida em pouco tempo.
Meirelles pede redução de "spreads"
Pressionado por empresários presentes e até pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP) para que atue no sentido de reduzir a taxa de juros, Meirelles respondeu com uma série de números sobre a economia brasileira, que segundo ele, é robusta e levará o Brasil a sair da crise antes de outros países e mais forte, justamente porque resistiu às pressões de curto prazo.
- Estamos comprometidos com a estabilidade. Esta é uma das razões de os investimentos estarem voltando. Vamos sair da crise sem criar problemas, como o aumento da inflação - afirmou.
Meirelles voltou a reclamar dos spreads (diferença entre as taxas captadas pelos bancos e as cobradas nos empréstimos ao consumidor) elevados praticados pelos bancos. Segundo ele, o BC já adotou uma série de medidas, como liberação do compulsório e ampliação das garantias de crédito para pequenas e médias instituições, para derrubar a taxa, mas ela permanece alta.
- Vamos continuar olhando. Se houver necessidade, vamos tomar outras medidas, porque o spread ainda está muito alto e tem de cair muito mais - disse Meirelles.
Também presente ao evento, o presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Fabio Barbosa, contestou Meirelles, afirmando que os spreads bancários só cairão quando o governo atacar as causas que elevam as taxas, como o imposto que incide sobre operações financeiras, o compulsório, o crédito direcionado, a demora na aprovação do cadastro positivo e, mais recentemente, o aumento da inadimplência.
- Não se trata simplesmente de buscar a redução pela redução, mas atacar as causas - disse Barbosa.
(*) O repórter viajou a convite da organização do evento
DEU EM O GLOBO
Meirelles afirma que crise global não foi resolvida e pode levar a novas decepções
Ao fim de uma semana na qual o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, adotaram um tom otimista para a crise financeira, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que não se deve ceder ao que chamou de “otimismo exagerado”, diante dos sinais de recuperação de alguns setores da economia. Para o presidente do BC, não se pode confundir sinais de melhora com a superação do problema. Ao participar de um fórum que reuniu na Bahia empresários, governadores e parlamentares, Meirelles chegou a alertar: "Vamos devagar. Otimismo exagerado pode levar a novas decepções.” Um sinal de cautela é a queda da arrecadação de tributos federais, na qual o Rio teve um dos piores resultados no primeiro trimestre.
Sem "otimismo exagerado"
A qualquer sinal negativo, desespero pode voltar ao mercado, diz presidente do BC
Opresidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou ontem que a crise global não foi resolvida e que não se deve ceder ao que chamou de "otimismo exagerado", diante de sinais de recuperação de alguns setores da economia. Segundo ele, ao primeiro sinal negativo, "todo mundo, de novo, entrará em desespero".
- Não há dúvida de que há sinais importantes de recuperação da economia, e é justo comemorá-los - afirmou Meirelles. - O que não se pode é confundir sinais de melhora com a superação do problema. Já dizem que o Brasil é o porto seguro entre os emergentes. Vamos devagar... O otimismo exagerado pode levar a novas decepções.
A afirmação foi feita durante o 8º Fórum Empresarial, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) em Comandatuba, na Bahia. Além do presidente do BC, o evento, que acaba hoje, reúne empresários de vários setores, governadores e parlamentares.
- Temos que nos acautelar, porque notícias negativas podem aparecer - afirmou Meirelles.
Ele deu como exemplo os dados do PIB (soma de bens e serviços produzidos no país) no primeiro trimestre, que só devem ser divulgados em junho - e podem chegar já num momento de recuperação.
- Ou seja, esse resultado, ainda que se refira a uma fase já superada, pode frustrar o mercado, se entrarmos numa onda de euforia otimista - disse Meirelles, acrescentando que não se pode "cair na ilusão de que a maior crise desde 1929" será resolvida em pouco tempo.
Meirelles pede redução de "spreads"
Pressionado por empresários presentes e até pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP) para que atue no sentido de reduzir a taxa de juros, Meirelles respondeu com uma série de números sobre a economia brasileira, que segundo ele, é robusta e levará o Brasil a sair da crise antes de outros países e mais forte, justamente porque resistiu às pressões de curto prazo.
- Estamos comprometidos com a estabilidade. Esta é uma das razões de os investimentos estarem voltando. Vamos sair da crise sem criar problemas, como o aumento da inflação - afirmou.
Meirelles voltou a reclamar dos spreads (diferença entre as taxas captadas pelos bancos e as cobradas nos empréstimos ao consumidor) elevados praticados pelos bancos. Segundo ele, o BC já adotou uma série de medidas, como liberação do compulsório e ampliação das garantias de crédito para pequenas e médias instituições, para derrubar a taxa, mas ela permanece alta.
- Vamos continuar olhando. Se houver necessidade, vamos tomar outras medidas, porque o spread ainda está muito alto e tem de cair muito mais - disse Meirelles.
Também presente ao evento, o presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Fabio Barbosa, contestou Meirelles, afirmando que os spreads bancários só cairão quando o governo atacar as causas que elevam as taxas, como o imposto que incide sobre operações financeiras, o compulsório, o crédito direcionado, a demora na aprovação do cadastro positivo e, mais recentemente, o aumento da inadimplência.
- Não se trata simplesmente de buscar a redução pela redução, mas atacar as causas - disse Barbosa.
(*) O repórter viajou a convite da organização do evento
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