Erich Decat
Ao contrário do discurso de boa convivência que os caciques do PT e do PSB tentam transmitir, as disputas previstas pelas prefeituras das capitais nas próximas eleições municipais revelam uma realidade totalmente distinta. Numa tentativa de demonstrar normalidade entre os dois lados e minimizar as críticas de petistas ao ministro da Integração, Fernando Bezerra, o presidente do PT, Rui Falcão, chegou até a emitir nota na última semana afirmando que "as relações com o PSB são as melhores possíveis".
Apesar da troca de afagos em âmbito nacional, o discurso de bons "companheiros" nos municípios é outro. Levantamento feito pelo Correio mostra que, na Região Nordeste, por exemplo, berço histórico de vitórias das duas legendas, apenas na Bahia, há um "início" de conversa para que saiam juntas na disputa pela prefeitura de Salvador. Nesse caso, a tentativa de acordo é de união em torno do nome do deputado federal Nelson Pellegrino (PT). Nas demais capitais nordestinas, a briga deverá ser acirrada. Um dos cenários mais tensos é a disputa pela prefeitura de Recife.
Dentro do próprio PT, ainda não há consenso de quem vai disputar o Executivo local. Três nomes são comentados: o único já confirmado como pré-candidato é o prefeito, João da Costa, que tentará a reeleição. O ex-prefeito João Paulo diminuiu as movimentações, mas ainda é uma opção bem citada. Nos bastidores, o líder do PT no Senado, Humberto Costa, também trabalha pelo posto. As movimentações dele começaram em dezembro quando se reuniu com o ex-presidente Lula para discutir a viabilidade do seu nome. Uma nova conversa deve ocorrer no fim deste mês. Mesmo alvejado por críticas, Fernando Bezerra é o nome cotado pelo PSB.
Sinal vermelho
"É um cenário preocupante, exige da direção uma ação enérgica para evitar fraturas na base aliada. Eu defendo que todas as capitais sejam tratadas de forma nacional. Temos que evitar o confronto para evitar problemas em 2014", ressalta o deputado federal José Guimarães (CE).
Segundo Guimarães, o sinal vermelho também está aceso no Ceará, onde o ex-deputado Ciro Gomes não quer apoiar o candidato petista à sucessão de Luizianne Lins na prefeitura de Fortaleza. Nas regiões Sudeste e Sul, o cenário de confronto se repete em praticamente todas as capitais. Apenas no Rio de Janeiro, os dois partidos devem compor a mesma aliança. Ainda assim, em torno da reeleição de um peemedebista: Eduardo Paes.
Oposição pressiona pela convocação
Os partidos de oposição pediram ontem que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), aceite o pedido do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, para depor à comissão representativa do Congresso Nacional. O grupo representa Câmara e Senado durante o recesso e é composto por oito senadores e 17 deputados. Sarney chega hoje a Brasília e deve decidir até o fim do dia sobre a ida do ministro. Dois requerimentos, formulados por PPS e PSDB, pedem que Bezerra preste explicações. Caso aceite o pedido do ministro e da oposição, Sarney terá de convocar os parlamentares com até 12 horas de antecedência, o que levaria o depoimento, provavelmente, para a quinta-feira.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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