Érica Fraga
SÃO PAULO - O consumo das famílias, importante motor da expansão da economia brasileira nos últimos anos, vem dando sinais de perda de fôlego há alguns meses.
O maior comprometimento da renda dos brasileiros com dívidas tende a contribuir para acelerar essa tendência de enfraquecimento.
Impulsionado por crescimento da renda e do crédito, o consumo privado ajudou a garantir a expansão média de 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo mandato do presidente Lula.
Em 2009, ano em que o Brasil sofreu os efeitos da crise financeira global, o consumo das famílias foi o grande salvador da pátria.
Ao registrar expansão -enquanto outros componentes do PIB (como investimentos e exportações) amargaram queda-, ajudou a limitar a contração da economia a 0,3%. Recessão leve em comparação ao ocorrido em outras partes do mundo.
As fontes de expansão do consumo, no entanto, estão murchando aos poucos.
Mais endividadas, as famílias tendem a rever planos de compras, principalmente as de grandes bens de consumo.
A desaceleração no crescimento do rendimento dos trabalhadores - também já em curso - tende a reforçar esse comportamento.
Além disso, a expansão do endividamento em relação à renda costuma vir acompanhada de maior taxa de inadimplência. Em meio a calotes mais frequentes, os bancos se tornam mais cautelosos na concessão de crédito.
O sistema financeiro brasileiro não faz uso dos instrumentos que permitiram o que ocorreu em países como os EUA, onde mesmo já muito endividados, consumidores continuavam contraindo novos empréstimos.
Isso é um ponto positivo. Limita os riscos de uma crise de crédito.
Mas significa que o avanço no comprometimento da renda com dívidas tende a ter um efeito mais rápido de frear o consumo e, por tabela, o crescimento da economia.
Isso tem reforçado as apostas de expansão mais modesta em 2012 e talvez também nos próximos anos.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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