Presidente escala o ministro para falar da força-tarefa no caso das chuvas. Bezerra Coelho diz contar com a confiança da presidente
Agência Estado
BRASÍLIA – A presidente Dilma Rousseff decidiu blindar o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, e escalou o auxiliar como porta-voz da reunião realizada ontem, no Palácio do Planalto, para criar uma força-tarefa que atuará em áreas de risco de Estados afetados pelas chuvas. Dilma avaliou como “inconsistentes” as denúncias que apareceram até agora contra Bezerra e não quer comprar briga com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), padrinho do ministro.
Ao voltar a despachar ontem no Planalto, após as férias de fim de ano, a presidente fez questão de demonstrar que Bezerra continua tendo a sua confiança. “Se eu não contasse com a confiança e apoio dela, não estaria aqui”, disse o ministro aos jornalistas, após apresentar as diretrizes traçadas pelo governo para definir providências diante das fortes chuvas que castigam o Sudeste.
“Houve uma boa e longa conversa com a presidente. Ela já recebeu todas as informações. Estou tranquilo porque nenhuma dessas denúncias irá prosperar. Nunca prosperou uma denúncia em relação à minha pessoa e nunca tive uma conta rejeitada. O Tribunal de Contas aprovou todas as minhas contas”, afirmou o ministro.
Sob intenso fogo cruzado, Bezerra enfrenta uma série de acusações que vão de nepotismo a uso indevido de dinheiro público quando era prefeito de Petrolina, em Pernambuco. Na semana passada, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que 90% das verbas do Ministério da Integração Nacional para obras contra desastres naturais foram destinadas a Pernambuco, Estado natal e celeiro de votos de Bezerra.
Dilma orientou o ministro a dar explicações públicas sobre as denúncias e acionou aliados para que saiam em sua defesa. Na quinta, Bezerra prestará esclarecimentos a uma “comissão representativa” do Congresso Nacional (ver matéria nesta página), chamada assim por causa do recesso parlamentar.
Questionado ontem se ainda pretende concorrer em outubro à Prefeitura de Recife pelo PSB, Bezerra desconversou. “Eu te respondo isso na quarta-feira (amanhã)”, disse ele, embora a sua ida ao Congresso só deva ocorrer na quinta. Na prática, a pré-candidatura de Bezerra não passa de uma estratégia de Eduardo Campos para forçar o PT a se entender na capital pernambucana, compondo com os socialistas.
Denúncia
Na semana passada, o ministro foi o alvo preferido das cotoveladas petistas. “Acho que a Defesa Civil tem de ser tratada como política nacional. Não pode ficar subordinada a interesses político-partidários aqui e acolá”, afirmou o deputado André Vargas (PR), secretário de Comunicação do PT. Para ele, faltou “republicanismo” na distribuição de verbas da Integração Nacional.
Aliado de Dilma e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador de Pernambuco reagiu com irritação às estocadas de Vargas. Diante do impasse, o presidente do PT, Rui Falcão, divulgou nota dizendo que as relações entre os dois partidos são “as melhores possíveis”.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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