terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Depois da tragédia, as medidas

Governo anuncia pacote de ações para enfrentar efeitos das chuvas no Sudeste

Evandro Ébol, Chico de Gois

O governo anunciou ontem medidas para enfrentar os efeitos das fortes chuvas na Região Sudeste, onde pelo menos 26 pessoas já morreram. Entre as medidas está a criação da Força Nacional de Apoio Técnico e Emergência, formada por 50 geólogos e hidrólogos que irão para as regiões afetadas. O Executivo federal confirmou a liberação de R$444 milhões para ações de prevenção, obras e reconstrução das cidades e residências atingidas. A presidente Dilma Rousseff também determinou que o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em Cachoeira Paulista (SP), estenda o regime de funcionamento 24 horas por dia, introduzido em dezembro, até o fim de março, ainda período das chuvas de verão.

Uma força-tarefa de 35 geólogos e 15 hidrólogos vai atuar nas áreas de mais alto risco de Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo. As equipes serão formadas especialmente por geólogos vinculados aos ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente.

Além da antecipação do pagamento do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC), Dilma autorizou a liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para que as vítimas das chuvas possam reconstruir suas casas. Não foi divulgado o volume de recursos que poderá ser movimentado. O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, disse que essas liberações serão avaliadas caso a caso.

Na entrevista coletiva convocada pelo Planalto, cada ministro esforçou-se para demonstrar que sua área está agindo da melhor forma possível para evitar tragédias ou consertar os estragos já feitos. Aloizio Mercadante, de Ciência e Tecnologia, disse que em Belo Horizonte choveu, no mês passado, 800 milímetros, um recorde para o mês.

Em Ouro Preto, já houve 174 deslizamentos de terra. De acordo com o ministro, 23 radares meteorológicos estão em ação, mas ainda faltam quatro - um para a Grande Vitória, outro para Salvador, um terceiro para substituir um antigo equipamento em Alagoas e mais um para complementar o Vale do Paraíba, em São Paulo.

A expectativa é que em dois meses os radares estejam no Brasil. Os do Nordeste reforçarão o sistema de alarme daquela região, onde ocorrem fortes chuvas no inverno. Mercadante disse ainda que é necessário aumentar o número de pluviômetros e atingir três mil novas unidades. Desse total, 1.500 seriam instalados em torres de telefonia celular, em convênio com as operadoras.

Monitoramento estendido até março

Mercadante minimizou os efeitos da chuva no Brasil ao comparar esse evento com a ação de furacões nos Estados Unidos e com a tsunami no Japão. Os dois países, segundo Mercadante, apresentam os melhores sistemas de prevenção de desastres naturais do mundo. O ministro disse que os números de vítimas e desalojados este ano são menores que nos anos anteriores.

- Quero parabenizar os heróis anônimos da Defesa Civil que estão nas ruas - disse Mercadante.

Será estendida até março a atuação dos Centros de Monitoramento e Operações mantidos em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, que funcionam como centros de operação conjunta entre as instituições federais, estaduais e municipais de saúde, defesa civil e engenharia.

O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, divulgou um relatório sobre as estradas federais atingidas: são 37 trechos, envolvendo 16 rodovias em cinco estados. Seis trechos estão totalmente intransitáveis, 20 têm tráfego parcial, e 11 já foram liberados. O Ministério da Saúde irá entregar 15 mil unidades de hipoclorito de sódio para municípios que tiveram o fornecimento de água afetado. Esse produto é utilizado para tratamento da água.

Padilha anunciou ainda o envio de cem profissionais da Força Nacional do SUS para reforçar o atendimento nas áreas mais necessitadas de Minas Gerais. Seriam enviados ainda ontem cerca de 800 quilos de medicamentos e insumos para o Espírito Santo.

Em relação ao Bolsa Família, o governo ainda não tem um levantamento sobre o número de beneficiados que poderão recorrer à antecipação de seu pagamento. Fernando Bezerra disse que o governo espera concluir esse levantamento até o fim de semana.

A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que coordena o grupo que trata das ações contra as enchentes, negou que o governo esteja atuando tardiamente. Segundo a ministra, desde o ano passado os ministérios têm trabalhado de forma integrada.

- Eu não vim aqui para dar entrevista, mas posso dizer que começamos essas ações (preventivas) no ano passado. Há quatro ou cinco meses os ministérios da Integração Nacional e da Ciência e Tecnologia vêm trabalhando na prevenção. A presidente determinou que todos os ministérios que têm relação com áreas de risco trabalhem de forma integrada. Evitar mortes é nossa prioridade número um - disse Gleisi.

O ministro da Defesa em exercício, general Enzo Peri, disse que os militares estão atuando em várias frentes, como a remoção de desalojados e desabrigados e a instalação de uma ponte móvel em Guidoval (MG). Peri colocou à disposição do governo, se necessária, a estrutura de um hospital de campanha da Aeronáutica.

FONTE: O GLOBO

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