Além de atuar no setor de limpeza urbana, construtora foi contratada pela prefeitura
para executar desde obras de habitação até construção de parque
Alfredo Junqueira
RIO - Com funcionários investigados pela Polícia Federal e alvo de processo
administrativo por suspeita de fraude na licitação de coleta de lixo no
Distrito Federal, a Delta Construções loca veículos e equipamentos de limpeza
urbana para a Prefeitura do Rio desde 2008. O contrato com a Companhia
Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) vale até novembro de 2013. O valor
corrigido do serviço é de R$ 163,5 milhões.
Além do aluguel de veículos e equipamentos, a construtora firmou acordo com
a prefeitura carioca para a operação do Centro de Tratamento de Resíduos
Sólidos de Gericinó, na zona oeste. Entre 2007 e 2009, foram estabelecidos
quatro contratos emergenciais com dispensa de licitação, no total de R$ 19,9
milhões.
Em dez anos, os serviços prestados pela construtora consumiram R$ 450
milhões. A prefeitura mantém hoje quatro contratos com a Delta. Além da locação
de veículos para limpeza, a construtora está encarregada de obras de
urbanização e habitação do programa Morar Carioca, orçadas em R$ 116,2 milhões;
de melhorias e construção de viaduto na Estrada do Inhoaíba, com previsão de R$
69,5 milhões, e da criação do Parque Madureira, com contrato de R$ 70,9 milhões
- todos os valores corrigidos pelo IPCA.
Levantamento feito pelo gabinete da vereadora Andrea Gouvêa Vieira (PSDB)
mostra que a empresa faturou R$ 117,8 milhões por ano, em média, em contratos
assinados nos três anos de governo Eduardo Paes (PMDB). O valor é 72,6% maior
que o montante médio anual obtido na gestão Cesar Maia (DEM). Ainda de acordo
com a vereadora, dos dez contratos firmados pela administração Paes com a
Delta, cinco foram feitos com dispensa de licitação - total de R$ 47,23
milhões.
Paes, candidato à reeleição em outubro, é afilhado político do governador
Sérgio Cabral Filho (PMDB) - amigo do presidente do Conselho de Administração
da Delta, Fernando Cavendish. Em cinco anos e quatro meses de gestão no Estado,
Cabral pagou R$ 1,49 bilhão em obras e serviços para a empresa.
Resposta. A assessoria de imprensa de Paes afirmou que os contratos sem
licitação com a Delta foram para obras emergenciais em decorrência das chuvas
de abril de 2010. Segundo a prefeitura, foram contratados R$ 300 milhões, e a
Delta teria recebido em torno de 10% desse valor.
O contrato sem licitação para a operação de Gericinó foi uma prorrogação do
acordo firmado pela gestão anterior, segundo a assessoria. Ao fim do termo, uma
licitação foi convocada e a empresa ETC foi contratada.
A prefeitura afirmou que o volume de recursos pagos à Delta aumentou porque
o município ampliou seus investimentos em obras na cidade. A participação
proporcional da construtora no volume de recursos aplicados pela atual gestão
foi reduzida, diz a assessoria. A Delta Construções não quis se manifestar.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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