Vários personagens da operação que atingiu Demóstenes Torres são antigos
frequentadores do noticiário policial
Fernanda Krakovics
BRASÍLIA. Com exceção do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), não há
surpresas, até agora, na operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Grande parte
de seus principais personagens é veterana nas páginas policiais, a ponto de o
próprio inquérito lamentar, em um trecho, a impunidade. Preso no atual
escândalo de corrupção, que arrasta políticos e empresários, Carlos Augusto
Ramos, o Carlinhos Cachoeira, ficou conhecido nacionalmente em 2004, na
primeira crise do governo Lula, e foi alvo das CPIs dos Bingos, no Senado; e da
Loterj, na Assembleia Legislativa do Rio. Agora, ganhou uma CPI mista com seu
próprio nome, no Congresso.
Em março último, a Justiça do Rio condenou Cachoeira e o ex-presidente da
Loterj Waldomiro Diniz por corrupção e crime contra a Lei de Licitações. Em
vídeo divulgado em 2004, mas gravado dois anos antes, o então presidente da
Loterj aparece negociando propina com o bicheiro. Quando as imagens foram
exibidas, Waldomiro trabalhava no Palácio do Planalto, como subchefe de
Assuntos Parlamentares da Casa Civil, comandada à época por José Dirceu. O
escândalo sacudiu o governo Lula.
Outro citado na operação Monte Carlo, Francisco Marcelo Queiroga, apontado
pela Polícia Federal como chefe de uma quadrilha que explora o jogo ilegal no
entorno do Distrito Federal, teve seu indiciamento pedido pela CPI do
Narcotráfico, da Câmara dos Deputados, no ano 2000.
Jogo e narcotráfico se misturam nos negócios
De acordo com a Comissão Parlamentar de Inquérito, Queiroga era sócio de
José Carlos Gratz, então presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo
e acusado de comandar o jogo ilegal naquele estado. E teria, ainda de acordo
com a CPI do Narcotráfico, ligações com o Cartel de Cali, na Colômbia.
O inquérito da operação Monte Carlo afirma que a família Queiroga está
envolvida "há anos" com a exploração de jogos de azar. Teria se
mudado do Espírito Santo para Goiás e Distrito Federal. A quadrilha estaria
envolvida em esquemas de corrupção de funcionários públicos, policiais
militares e civis de Goiás.
"Como vimos, infelizmente, as ações criminosas continuam na região,
pois lá atrás, janeiro de 2008, a Polícia Federal de Brasília e o Ministério
Público de Goiás já haviam fechado três casas de bingo em Valparaíso de Goiás,
apreendendo, no total, 340 máquinas caça-níqueis, R$ 220 mil em dinheiro e
outros R$ 255 mil em cheques", afirma trecho do inquérito da PF.
FONTE: O GLOBO
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