Para ministro dos Esportes, a saída da Delta do consórcio não vai prejudicar
o cronograma de reforma do estádio
Fábio Vasconcellos
O anúncio da saída da Delta Construção do consórcio que realiza a reforma do
Maracanã para a Copa 2014 não deverá alterar o prazo de conclusão das obras.
Esta é a avaliação dos governos federal e estadual, que ontem informaram estar
mantida a entrega do estádio para fevereiro do próximo ano.
O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, disse acreditar que o consórcio
Maracanã 2014, que inclui também as construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez,
deverá tomar as providências para a substituição da Delta, e não permitir que o
andamento do processo de reforma seja prejudicado:
- Reitero confiança no cumprimento do prazo e acredito que esse fato (saída
da Delta) não vai prejudicar o cronograma da entrega da obra.
Já o secretário estadual de Obras, Hudson Braga, explicou que o governo
ainda não foi informado da saída da empreiteira. Segundo ele, o estádio será
entregue no dia 28 de fevereiro de 2013 para que possa ser usado na Copa das
Confederações:
- O edital de licitação permite que, caso uma empresa saia, as outras
empresas possam assumir essa parte sem prejuízo daquilo que é o objeto da
contratação. No nosso caso, o objeto é a reforma do Maracanã e isso não será
prejudicado de maneira alguma.
A decisão de afastar a Delta do consórcio partiu das outras duas
empreiteiras. A construtora, que é citada no relatório da Polícia Federal da
Operação Monte Carlo em razão do seu envolvimento com o bicheiro Carlinhos
Cachoeira, deixou de fazer repasses de recursos para o projeto, e isso teria
irritado a direção da Odebrecht e Andrade Gutierrez.
Negociação pode afastar empresa de outras obras
Mas interlocutores com trânsito no Palácio Guanabara, sede do governo do
estado do Rio, informaram que as denúncias contra a Delta também pesaram na
decisão. Executivos de uma das empreiteiras do Consórcio Maracanã 2014
estiveram na semana passada no Guanabara. Eles informaram a decisão de afastar
a Delta e avaliaram que as denúncias estariam prejudicando a imagem das duas
empresas. Há uma negociação, inclusive, para que a Delta seja afastada dos
consórcios da construção do Arco Metropolitano do Rio e das obras da prefeitura
do corredor exclusivo para ônibus, a Transcarioca, que vai ligar a Barra à Ilha
do Governador.
A medida, contudo, seria feita num acordo com a própria Delta que, após o
escândalo do seu envolvimento com Cachoeira, estaria tendo dificuldades para
obter dinheiro junto aos bancos. Sem esses recursos, a empresa teria optado por
sair das projetos nos quais participa como consorciada. Com isso, ela aliviaria
a pressão por aporte de recursos, dedicando-se apenas aos projetos menos
vultuosos.
Com 28 quilômetros, o lote da Transcarioca entre a Barra e a Penha é
executado pelo consórcio formado pela Andrade Gutierrez e a Delta a custo de R$
798 milhões. No Arco Metropolitano, a Delta é responsável pelo lote 4 em
parceria com a Construtora Oriente. Todos os quatro lotes estavam orçado
inicialmente em cerca de R$ 800 milhões, mas já teria ultrapassado o valor de
R$ 1 bilhão.
Em nota, a Delta disse que não comentaria o assunto. Informou ainda que
"a determinação da empresa é concentrar seus esforços na defesa de seu
nome, de sua reputação e de sua história".
FONTE: O GLOBO
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