Reivindicando a marcação do julgamento do mensalão e o fim do voto secreto, milhares
de manifestantes se reuniram em mais uma edição da Marcha contra a Corrupção
Edson Luiz
Milhares de pessoas saíram às ruas ontem para protestar contra a corrupção
em 24 estados e no Distrito Federal. Em Brasília, a marcha ocorreu na Esplanada
dos Ministérios e reuniu pelo menos três mil pessoas, segundo a Polícia
Militar. A principal reivindicação do grupo era a marcação do julgamento do
mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e o fim do voto secreto no
Congresso. A manifestação não teve a participação de políticos, mas contou com
o apoio de algumas entidades, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Em Brasília, centenas de pessoas concentraram-se em frente ao Museu da
República e saíram em passeata às 11h, gritando palavras de ordem. A maioria
dos participantes era formada por jovens entre 15 e 25 anos, mas, ao longo do
percurso, famílias e turistas juntaram-se ao grupo. Nem mesmo o forte calor
afastou a multidão. Os manifestantes — cuja maioria estava vestida de preto e
com o rosto pintado com as cores verde a amarela — caminharam até a Praça dos
Três Poderes, onde se dispersaram depois de duas horas. Alguns manifestantes
continuaram a caminhada no sentido contrário.
A novidade desta edição da Marcha contra a Corrupção foi os grupos terem se
unido num só movimento, ao contrário do ano passado, quando houve protestos
distintos. "Nós participamos da mesma marcha, pois entendemos que os
objetivos são os mesmos e, quanto maior a participação popular, mais serão os
resultados positivos", postaram os organizadores na internet, justificando
a união da organização Nas Ruas e do Movimento Brasileiro de Combate à
Corrupção (MBCC). A exemplo de edições anteriores, o protesto foi planejado por
meio das redes sociais.
Os cartazes e faixas levados pelos manifestantes faziam referência ao
mensalão e lembravam o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira,
preso na Operação Monte Carlo desde fevereiro, e o senador Demóstenes Torres
(ex-DEM-GO), que corre o risco de perder o mandato por suas ligações com o
bicheiro. Manifestantes também criticaram o governador do DF, Agnelo Queiroz. O
protesto também pedia o fim do foro privilegiado de autoridades. Desta vez, não
houve a participação de políticos ou manifestação de partidos. Somente o
presidente da OAB no Distrito Federal, Francisco Caputo, subiu no carro de som
para falar. "Nós estamos aqui de novo porque estamos indignados",
afirmou. "Se não houvesse nada disso, estaria curtindo a festa de Brasília
e não protestando contra tudo o que está acontecendo", acrescentou Caputo.
Além do Distrito Federal, ocorreram manifestações na Bahia, Goiás, Minas
Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, entre outros estados. Só não
houve registro de passeatas em Roraima e no Acre. No Rio, o movimento aconteceu
em Ipanema, na Zona Sul, onde pelo menos 50 pessoas colhiam assinaturas dos
transeuntes para um abaixo-assinado pedindo aos ministros do Supremo pressa no
julgamento do mensalão. Em Guarapari (ES), a manifestação foi contra o reajuste
dos salários de vereadores. Moradores da cidade fincaram 148 cruzes em uma
praia, simbolizando o percentual de aumento dado aos políticos locais.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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