A República é formada por três Poderes independentes, Executivo, Judiciário
e Legislativo. E eles estão pegando fogo.
O Legislativo, o mais tradicional saco de pancadas, está criando uma CPI
para investigar tudo e todos, inclusive membros dos próprios três Poderes que
andaram perigosamente próximos de cachoeiras, macacos, cachorros e outros
bichos.
O Judiciário está de dar dó. Nunca antes na história deste país -sem
exagero- os ministros do Supremo se xingam tanto publicamente. Cezar Peluso
saiu da presidência do tribunal acusando a presidente da República de
desrespeitar a Constituição e o colega Joaquim Barbosa de ser populista,
inseguro e temperamental.
Não bastasse, Barbosa, que é relator do mensalão e vai assumir a presidência
da mais alta corte do país em sete meses, reagiu em entrevista a Carolina
Brígido, do "Globo", despejando os seguintes adjetivos sobre Peluso:
"ridículo", "brega", "caipira",
"corporativo", "desleal", "tirano",
"pequeno", "imperial".
Dá para acreditar numa coisa assim? São esses, nesse clima, que vão julgar o
mensalão, um dos casos mais complexos em décadas.
Enquanto isso, o Executivo, que defenestrou sete ministros, faz que não é
com ele. A presidente Dilma disse -muito bem, aliás- que vai manter "uma
posição absolutamente de respeito" ao Congresso e, portanto, aos trabalhos
da CPI.
E quem conhece um pouco do palácio do Planalto diz que o andar do gabinete
presidencial parece estar num outro mundo: ninguém fala em CPI, só em economia.
Aparentemente, é ótimo. Enquanto parlamentares e magistrados se engalfinham,
a presidente pensa no crescimento, na desoneração das empresas, na garantia de
empregos e de salários. Na normalidade, enfim.
Tomara, sinceramente, que dê certo, mas governos não lucram com CPIs e podem
perder muito. Depende das torrentes do Cachoeira.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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