O ciclo de crescimento baseado na exportação de commodities e no consumo interno apresenta sinais de esgotamento.
A previsão do Ministério da Fazenda, no início do ano, de crescimento de 4,5% do PIB era tão falsa que já foi revista para baixo.
Os indicadores econômicos trazem sinais preocupantes e o governo continua a tomar as mesmas medidas como se fosse uma desaceleração momentânea. Diagnóstico errado com remédio errado.
O IBC-Br, índice de atividade econômica do Banco Central considerado como prévia do PIB, recuou 0,35% em março, mostrando claramente uma desaceleração econômica.
A Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE mostrou que a indústria recuou 2,1% em março em relação a março do ano passado e já registra queda acumulada de 1,1% nos últimos doze meses. São indícios de recessão.
No mercado internacional, as notícias da desaceleração da China preocupam o setor de commodities, força motriz da nossa economia. Caem os preços do ferro e da soja e diminuem as quantidades exportadas, gerando menos renda para o país.
As medidas anunciadas até agora pelo governo somente tentam impulsionar o consumo interno, que dá sinais de esgotamento.
Diminuir juros ao consumo não trará resultados quando o consumidor já está no limite de sua capacidade de endividamento, como mostra o aumento da inadimplência, que segundo o Serasa foi de 4,8% em abril em comparação a março.
Diminuir IPI da linha branca e agora dos automóveis são medidas anticíclicas com eficácia de curto prazo. Mas como são medidas reeditadas, sua eficácia neste momento tende a ser restrita.
Seu evidente propósito é ajudar a desovar os carros dos pátios das fábricas de automóveis, tentando "segurar" os empregos dos eleitores nas eleições de outubro.
O preocupante é que o governo não faz a parte que lhe cabe prioritariamente no crescimento: o investimento em infraestrutura.
O investimento no Programa de Aceleração do Crescimento caiu 24% em relação a 2011. O investimento total do governo caiu 5,5% nos primeiros quatro meses do ano.
Já a produtividade do trabalho continua a patinar, como mostra estudo do Ipea que apontou crescimento de 0,9% anual durante a primeira década do século. Falta de investimento em capital humano, ou seja, educação.
O problema de nossa economia reside no esgotamento do modelo de crescimento da era Lula/Dilma.
Surfando na onda do crescimento internacional, utilizamos a renda das commodities no consumo interno, principalmente de importados.
Colhemos os frutos das reformas estruturais realizadas na década de 90 de forma imediatista e não criamos as condições para dinamizar a economia.
Não fortalecemos nossa indústria e nossa capacidade de geração interna de renda.
Não realizamos os investimentos necessários, não obtivemos ganhos significativos de produtividade e não fizemos poupança. Não realizamos novas reformas institucionais, como a tributária, necessárias ao crescimento.
O governo Dilma precisa enfrentar os gargalos de nossa economia e parar de insistir num projeto esgotado.
Precisamos de um novo modelo econômico, um paradigma sustentável baseado em novas tecnologias e que supere a nossa dependência da indústria automobilística.
Roberto Freire, deputado federal (PPS-SP) e presidente do PPS
FONTE: BRASIL ECONÔMICO
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