O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) omitiu em documento oficial que pegou carona em avião fretado por empresário na Itália em 2011. Ele alega que o Código de Conduta permite a carona.
Pimentel omitiu carona em voo para Roma
Relatório oficial diz que ministro usou "veículo oficial"; ele agora admite ter viajado em avião fretado por empresário
Código do governo ordena que carona seja divulgada previamente; pasta diz que consultou Comissão de Ética
Filipe Coutinho e Gabriela Guerreiro
BRASÍLIA - Em documento oficial, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, omitiu ter pego carona em avião fretado pelo empresário João Dória Jr. em viagem oficial à Itália, em outubro de 2011.
Relatório público de despesas disponível no site do ministério afirma que o trajeto de Sofia (Bulgária) a Roma foi feito em "veículo oficial", e não em avião privado.
O documento contraria a versão do ministro, que diz ter consultado a Comissão de Ética Pública da Presidência antes de aceitar a carona.
O uso do avião fretado também não constou da agenda pública de Pimentel.
Segundo o Código de Conduta da Alta Administração Federal, ele poderia participar de seminários com remuneração e transporte pagos pelos organizadores, mas teria de tornar pública essa informação, o que não ocorreu.
A oposição apresentou representação contra o ministro à Comissão de Ética Pública da Presidência.
"Não houve informação alguma sobre publicidade do pagamento das despesas. A conduta do representado, que, confessadamente, teria se deslocado em frete aéreo financiado por particulares para fins de atendimento de interesses também particulares, parece ir de encontro ao que dispõe o código ético", disse o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR).
A viagem do ministro à Europa começou em 1º de outubro de 2011, quando ele chegou à Bulgária na comitiva da presidente Dilma Rousseff.
Cinco dias depois, foi para Roma no avião fretado e, no dia 7, palestrou em seminário do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), de Dória Jr.
No dia 8, pegou voo comercial, custeado pela União, para voltar ao Brasil. O caso foi revelado anteontem pelo site "Terra Magazine".
Pela semana de trabalho na Europa, o ministro recebeu R$ 5.593 em diárias para despesas de hospedagem e alimentação.
Explicações
O ministro e o empresário afirmam que a palestra foi gratuita. Eles dizem que Pimentel pegou carona porque não teria tempo hábil de, em avião de carreira, chegar a Roma para o evento.
O ministro Aloizio Mecadante (Educação), que era titular da Ciência e Tecnologia, se desligou antes da comitiva presidencial e participou do mesmo evento em Roma viajando em voo comercial.
Ontem, Pimentel disse em nota que a pasta questionou a Comissão de Ética sobre participações em seminários antes da viagem à Itália.
Segundo a resposta publicada pela assessoria do ministro, ele poderia participar "mediante registro na agenda de trabalho das condições de sua participação, inclusive remuneração".
Pimentel já é investigado pela Comissão de Ética por consultorias de 2009 e 2010, quando recebeu cerca de R$ 2 milhões.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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