Procurador-geral da República afirma que julgamento comprova que tese do
caixa dois não se sustentava
Evandro Éboli
BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, reafirmou ontem
que existem provas suficientes para a condenação do ex-ministro da Casa Civil
José Dirceu na ação do mensalão. Gurgel afirmou que o caso de Dirceu é
diferente e que as provas, ainda que não sejam tão diretas, são torrenciais.
- Na verdade, o que eu tenho dito sempre é que não se pode exigir em relação
a ele (Dirceu) o mesmo tipo de prova direta que nós temos em relação a algumas
outras pessoas. Mas é uma prova indiciária, abundante, torrencial mesmo, e que
respalda integralmente a acusação feita no sentido de que ele é o chefe da
quadrilha - disse o procurador.
O procurador, para diferenciar o caso de Dirceu de outros, citou como
exemplo um batedor de carteira.
- Quando você está falando de um batedor de carteira, você tem a prova
direta. Você tem o ato do batedor colocando a mão na carteira e tirando. Quando
você está falando de uma organização criminosa sofisticada, quem está no topo
dessa organização evidentemente não aparece dessa forma - completou Gurgel, ao
ser perguntado se não havia considerado tênues as provas contra o ex-ministro.
O procurador também comentou o veredicto até agora do julgamento, onde suas
teses de acusação estão prevalecendo. Gurgel afirmou que essa tendência seja
mantida até o resultado final:
- A tese formulada pelo Ministério Público tem sido, pelo menos em grande
parte, confirmada e espero que fique assim até o final do julgamento.
Gurgel também falou sobre a decisão dos ministros de que o dinheiro usado no
esquema, ao contrário do que pregou a defesa dos acusados, não era para despesa
de campanha ou caixa dois, mas, sim, para compra de voto parlamentar no
Congresso, a fim de assegurar uma base de sustentação do governo de Lula:
- Vamos aguardar a conclusão do julgamento, mas, por enquanto, isso confirma
o que o Ministério Público sempre sustentou. Que a tese de defesa do caixa dois
não se sustentava e não tem qualquer respaldo nas provas dos autos.
Fonte: O Globo
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