Entramos na chamada
reta final. Da eleição municipal e da definição sobre o destino dos réus do
processo judicial resultante do escândalo do mensalão.
São duas as
perguntas recorrentes: o julgamento terá influência no resultado eleitoral?
Esse resultado poderá ser visto como uma espécie de ensaio geral para a eleição
presidencial e parlamentar de 2014?
Responda-se como
quiser, pois as chances de erro e de acerto são as mesmas quando se faz um mero
exercício de futurologia difícil de ser comprovado de modo a não deixar margem
a dúvidas.
De um lado, não há
como um assunto que está todos os dias no Jornal Nacional não influir de alguma
maneira.
De outro, o PT já
entrou mal nas disputas nas capitais e até apresentou melhoras de desempenho em
algumas delas, como em Salvador.
Portanto, por mais
difícil que seja fazer essa medição em princípio, é possível dizer que o peso
do julgamento no resultado das urnas é relativo.
Já a influência de
2012 em 2014 é mais fácil de analisar. Claro que todo momento eleitoral é
aproveitado pelos políticos para testar e renovar suas relações com o público.
Muitos
parlamentares lançam candidaturas a prefeito justamente no intuito de se
colocarem em circulação na entressafra. Do mesmo modo, é hora de os
pretendentes à Presidência começarem a se movimentar País afora.
Lula lançou a então
ministra Dilma Rousseff como "mãe do PAC" em fevereiro de 2008 e fez
da suposição de que seria a escolhida para disputar a sucessão dele em 2010 um
assunto daquela eleição municipal.
Agora, quando o
lulismo começa a dar sinais de esgotamento, o senador Aécio Neves comparece a
microfones e palanques assim como o governador Eduardo Campos mostra suas credenciais.
Mas, quem se lembra
de quantas prefeituras o PT ganhou em 2008? Qual foi a importância dessa
contabilidade no pleito de 2010? Pois é.
A vitória foi
desenhada ao longo do ano eleitoral propriamente dito. Até porque o oponente
José Serra começou na frente, com mais de 40% das intenções de voto. O que isso
teve a ver com o desempenho do PSDB na municipal de dois anos antes? Nada.
Ademais, há os
fatos novos. Em 2010 foi a candidatura de Marina Silva com seus 20 milhões de
votos. Não serão as urnas de 2012 que nos responderão se em 2014 haverá algum.
A aflição preenche
conversas, mas não necessariamente produz clareza absoluta.
Se a ideia é medir
influências, há questões mais importantes em jogo que saber se o mensalão vai
dificultar a vida do PT ou se a lista de perde-ganha de agora vai repercutir em
2014.
Essencial é
perceber e daí se aprofundar na discussão sobre a influência que as decisões do
Supremo terão sobre a mudança das práticas arcaicas na política.
Se as punições
cumprirão finalmente a função pedagógica na qual está empenhado o tribunal que
ora consolida a independência do Judiciário.
Mais: evidencia o
quanto se deforma a República quando o Legislativo se subordina ao poder de
cooptação do Executivo.
Inconstitucional. Na primeira parte da sabatina do ministro Teori
Zavascki no Senado passou praticamente despercebida a resposta do indicado ao
STF sobre a possibilidade de haver recursos a cortes internacionais para
contestar as sentenças da ação 470.
Ele disse o
seguinte: "Acho que é contra a nossa Constituição e contra a
jurisprudência do Supremo".
Vida útil.Sem comparações. Apenas a título de contribuição ao conceito de velho e
novo na política: se Nelson Mandela, 94, tivesse se aposentado aos 70 anos de
idade não teria liderado o processo do fim do regime segregacionista do
apartheid, não teria recebido o prêmio Nobel da Paz nem teria sido presidente
da África do Sul, de 1994 a 1999.
Mandela retirou-se
da vida pública aos 85 anos.
Fonte: O Estado de
S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário