Para Celso de Mello,
"marginais do poder" formaram uma "quadrilha de assaltantes de
cofres públicos"
O STF confirmou ontem a
existência de compra e venda de apoio parlamentar e condenou por corrupção passiva
todos os deputados que receberam dinheiro do mensalão. A tese do caixa dois de
campanha, encampada pelo PT e pelo ex-presidente Lula, foi rechaçada pela
maioria dos ministros do STF. Para o decano da Corte, Celso de Mello,
"marginais do poder" formaram uma "quadrilha de assaltantes de
cofres públicos" que praticaram atos que comprometem a "integralidade
dos valores que formam a ideia de República" e frustram "a
consolidação das instituições". Foram condenados por corrupção passiva,
lavagem de dinheiro e formação de quadrilha Pedro Corrêa (PP-PE) e Valdemar
Costa Neto (PR-SP). Roberto Jefferson, Bispo Rodrigues, Romeu Queiroz e Pedro
Henry (PTB-MT) foram
condenados por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. José Borba (PP-PR), por corrupção
passiva.
Supremo confirma a
tese do mensalão
Ao condenar parlamentares que receberam dinheiro, ministros concluíram que
houve compra de apoio no Congresso durante o governo Lula
Felipe Recondo, Eduardo Bresciani, Mariângela Gallucci e Denise Madueño
O Supremo Tribunal Federal confirmou ontem a existência de um balcão de
compra e venda de apoio parlamentar e condenou por corrupção passiva todos os
deputados que receberam dinheiro do mensalão. A tese do caixa 2 de campanha,
encampada pelo PT e pelo ex-presidente Lula, foi rechaçada pela maioria dos
ministros do STF.
Para o decano da Corte, ministro Celso de Mello, "marginais do
poder" formaram uma "quadrilha de assaltantes de cofres
públicos" que praticaram atos que comprometem a "integralidade dos
valores que formam a ideia de República" e frustram "a consolidação
das instituições".
Na sessão de ontem, foram condenados por corrupção passiva, lavagem de
dinheiro e formação de quadrilha Pedro Corrêa (PP-PE) e Valdemar Costa Neto
(PR-SP). O delator do mensalão, Roberto Jefferson, Bispo Rodrigues e Romeu
Queiroz e o deputado Pedro Henry (PTB-MT) foram condenados por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro. E o ex-deputado José Borba (PP-PR), por
corrupção passiva.
Ao condenar todos os parlamentares que receberam recursos do mensalão, ministros
confirmaram que houve compra de apoio parlamentar no Congresso para aprovar
projetos de interesse do governo Lula. "O que houve, a meu ver,
considerada a corrupção e que o dinheiro não cai do céu, foi a busca de uma
base de sustentação", afirmou o ministro Marco Aurélio Mello. "Essa
corrupção não visou a cobrir simplesmente deficiências de caixa dos diversos
partidos envolvidos na espécie, mas sim a base de sustentação para
aprovarem-se, sofrendo com isso a própria sociedade, determinadas reformas",
acrescentou.
O presidente da Corte, ministro Carlos Ayres Britto, afirmou que apelar à
versão do caixa dois chegava a ser absurdo. Decano da Corte, Celso de Mello
disse que o esquema do mensalão comprometeu a República e pôs em risco a
legitimidade das instituições. "Esses atos significam tentativa imoral e
ilícita de manipular criminosamente à margem do sistema constitucional o
processo democrático."
Rechaçada. A tese de que os recursos serviram para o pagamento de despesas
de campanha não contabilizadas foi rechaçada também por Celso de Mello, Gilmar
Mendes, Carlos Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Luiz Fux e Marco Aurélio. Rosa
Weber e Dias Toffoli não chegaram a se manifestar abertamente sobre o destino
dos recursos. O revisor, ministro Ricardo Lewandowski, indicou em seu voto
concordar com a tese de que o mensalão foi usado para saldar um acordo entre
partidos firmado em 2002.
Independentemente de divergências, todos os ministros condenaram os
parlamentares que receberam o mensalão. Na sessão de ontem, os ministros
precisavam apenas confirmar a condenação de Pedro Henry, decidir se deputados
formaram quadrilhas para receber o dinheiro e dissimular sua origem e ainda
definiriam a situação de outros réus.
Com a condenação dos réus que receberam os recursos do mensalão, o STF
encerra, nesta 30.ª sessão, mais um capítulo. Amanhã, a Corte entra no capítulo
mais complexo do processo: decidir sobre quem estava no comando do esquema.
Serão julgados os dirigentes petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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