Os insensíveis tucanos não toparam ajudar o
governo a reduzir o valor das tarifas de energia elétrica e serão expostos em
praça pública como inimigos dos interesses da indústria brasileira e dos
consumidores residenciais.
Foi mais ou menos esse, numa leitura livre, o
recado transmitido ontem pela presidente Dilma a uma plateia de empresários ao
dizer que irá, sim, bancar a promessa de cortar em 20,2% as tarifas de energia.
No dia anterior, devido à recusa de empresas
elétricas dos governos tucanos de São Paulo, Minas e Paraná de aderir a seu
programa no setor elétrico, Dilma Rousseff havia conseguido uma redução menor,
de 16,7% no ano que vem.
O discurso dilmista mostra que o Palácio do
Planalto vai explorar politicamente o tema, transformando-o no primeiro embate
da disputa presidencial de 2014.
A curto prazo, o vento sopra a favor do
Planalto e contra os tucanos. Cortar o valor da conta de luz é pop e faz todo
sentido econômico. Não por outro motivo, Dilma foi muito aplaudida quando tocou
no assunto. A médio prazo, vai depender de o plano palaciano dar ou não certo.
O PSDB diz que o governo, ao forçar um corte
elevado das tarifas em troca da renovação das concessões de usinas
hidrelétricas, vai comprometer a capacidade de investimentos das empresas e
afugentar investidores com seu intervencionismo.
Isso vai gerar, alegam os tucanos, um sistema
elétrico ineficiente, com riscos de apagões constantes no futuro. Aqui e ali,
analistas concordam com tal ponto de vista.
Dilma, porém, não admite rediscutir seu
programa e confia na sua viabilidade. A decisão das elétricas tucanas levanta
dúvidas a respeito. Afinal, ninguém abre mão de um negócio só por questões
políticas.
Enfim, criou-se o primeiro curto-circuito
eleitoral, com troca de faíscas entre Dilma e o potencial candidato tucano
Aécio Neves. Alguém sairá tostado dessa refrega.
Fonte: Folha de S. Paulo
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