Frevo
agora é ritmo do mundo
Unesco declara gênero pernambucano Patrimônio
Imaterial da Humanidade. Delegação brasileira em Paris comemora
RECIFE – O frevo, ritmo genuinamente
pernambucano, agora é do mundo. A música que hipnotiza milhões de foliões e dá
o tom do carnaval no estado foi oficialmente reconhecida como Patrimônio
Imaterial da Humanidade. O anúncio foi feito em Paris ontem, durante a
cerimônia organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco).
O ritmo foi a única expressão da cultura
brasileira avaliada na sessão, ao lado de outras 35 propostas, entre elas o
canto budista de Ladakh (Índia), o trançado de chapéus de palha (Equador) e a
luteria tradicional de violinos em Cremona (Itália). Sua pré-candidatura foi
formalizada há dois anos, após a coleta de 28 mil assinaturas da população do
Recife. Em outubro, o pleito foi colocado oficialmente na pauta da Unesco, e
julgamento de mérito foi concluído no documento emitido no início deste mês.
O frevo tem o título de Patrimônio Cultural Imaterial
Brasileiro desde 2007, ano do seu centenário. De acordo com o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o ritmo "é uma forma de
expressão musical, coreográfica e poética, enraizada no Recife e em Olinda, no
estado de Pernambuco. Trata-se de um gênero musical urbano que surgiu no fim do
século 19, no carnaval, em um momento de transição e efervescência social como
uma forma de expressão popular nessas cidades". São três modalidades:
frevo de rua, frevo de bloco e frevo-canção.
Presente à solenidade, a ministra da Cultura,
Marta Suplicy, que acompanhou a delegação brasileira formada por 25 pessoas,
festejou o anúncio: "É extremamente importante a escolha do frevo. Ele é
uma força viva. Para nós, o frevo junta dança, música, artesanato. É um enorme
orgulho ter todas essas capacidades reconhecidas", disse a ministra.
De acordo com a Unesco, o patrimônio cultural
imaterial abrange práticas e expressões vivas passadas de uma geração à outra.
Inclui tradições orais, artes performáticas, práticas sociais, eventos
celebratórios, sabedorias e práticas relacionadas à natureza e ao universo,
assim como os saberes e habilidades de trabalhos artesanais tradicionais.
BRASILEIROS. O primeiro Patrimônio Imaterial
Brasileiro a ser reconhecido pela Unesco, em 2003, foi o Wajãpi, expressão
linguística dos índios tupis da região delimitada pelos rios Oiapoque, Jari e
Araguari, no Amapá. Dois anos depois, foi a vez do samba de roda do Recôncavo
Baiano. Herança do período escravocrata, a música deu origem a manifestações
como o samba e o jongo. No ano passado, o Yaokwa, ritual da tribo indígena
brasileira Enawene Nawe, do Sul da Amazônia, integrou a lista do Patrimônio
Imaterial da Unesco que necessita de proteção urgente (outra classificação
realizada nessa categoria), devido ao desmatamento e às atividades de mineração
na região.
O tango argentino e a gastronomia francesa
são algumas das tradições já inscritas na lista da Unesco do Patrimônio
Cultural Imaterial da Humanidade. Até o fim do ano passado, a lista reunia 232
elementos, sendo 33 deles na América Latina e no Caribe.
Fonte: Agências
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