Juliana Colares, Paulo de Tarso Lyra
Pressionado pela oposição, que recolhe assinaturas para a instalação de uma
comissão parlamentar de inquérito, o governo encaminhou ontem ao Senado os
ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o advogado-geral da União, Luís
Inácio Adams, para explicar os detalhes da Operação Porto Seguro. Mais à
vontade, Cardozo repetiu a mesma apresentação feita na véspera na Câmara,
garantindo que não houve blindagem à ex-chefe de gabinete da Presidência da
República em São Paulo Rosemary Noronha. O PSDB garante, no entanto, que já tem
16 das 27 assinaturas necessárias para a criação de uma CPI no Senado. “Fazer
uma nova comissão para acabar como a CPI do Cachoeira, que não consegue votar
um relatório final?”, questionou o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM).
A temperatura política deve subir ainda mais na semana que vem, durante a
audiência com o ex-diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Rubens
Vieira, na Comissão de Infraestrutura do Senado. Indiciado quatro vezes por
corrupção ativa e uma por formação de quadrilha, Rubens aceitou o convite dos
senadores para dar a sua versão sobre o caso. Cardozo tentou minimizar a
presença de Vieira, alegando que o governo não tem razões para temer o
depoimento do ex-diretor da Anac. “O governo exonerou os indiciados. Eles
continuam sendo investigados e, se for provada a culpa, serão punidos”, disse
ele, após audiência na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Hoje, o
presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, prestará esclarecimentos
sobre a atuação de seu antecessor Paulo Vieira.
Luís Inácio Adams adotou a estratégia de isolar os atos do ex-advogado adjunto
José Weber Holanda Alves, e minimizar a importância do indiciado nas ações da
Advocacia-Geral da União. “Como todo adjunto, ele tinha uma função relevante.
Mas de assessoria. Ele não participava dos atos deliberativos”, garantiu. O
advogado-geral classificou os atos do ex-adjunto como “promíscuos”. E afirmou
que, a partir de agora, qualquer nomeação que partir do gabinete terá que ser
submetido à Corregedoria da AGU.
Fonte: Correio Braziliense
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