Mobilização nacional pelo passe livre no transporte público fica aquém do esperado. No DF, ato durou duas horas. Em São Paulo, vândalos tomaram as ruas após protesto pacífico
André Shalders, Amanda Almeida
As manifestações que acenderam o sinal de alerta dos políticos e motivaram a criação de agendas positivas no Palácio do Planalto e no Congresso em junho não tiveram a mesma força nas ruas do país ontem, dia marcado pelo Movimento Passe Livre (MPL) para protestar na Semana Nacional de Luta pelo Transporte Público. O maior ato foi em São Paulo, onde, mais uma vez, mascarados protagonizaram atos de vandalismo. Em Brasília, cerca de 60 manifestantes protestaram por cerca de duas horas, mas sem maiores transtornos além de problemas no trânsito.
Apesar do arrefecimento nos ânimos dos manifestantes em todo o país, salvo cidades pontuais, o Planalto ainda trata o tema com cuidado depois de ver a avaliação da presidente Dilma Rousseff despencar frente os protestos durante a Copa das Confederações, há quatro meses — mesmo após a recuperação na popularidade verificada nas pesquisas recentes. Em ano pré-eleitoral, a petista, pré- candidata à reeleição, continua citando o tema em discursos. Ontem, em rede social, ela escreveu: “Os movimentos de junho não foram apenas pelos 20 centavos. Foram por mais direitos”, disse, referindo-se ao aumento nas tarifas em São Paulo, que acabou revogado após os atos populares.
Embora tenha convocado manifestações em todo o país, o MPL não conseguiu adesão em muitas cidades. Em São Paulo, houve a maior concentração, com cerca de 3 mil pessoas. O ato começou pacífico, mas acabou com vandalismo e violência. À tarde, na Avenida 23 de Maio, o grupo queimou a réplica de uma grande catraca de ônibus em ato simbólico contra a cobrança de tarifas pelo transporte público. Às 20h, entretanto, os black blocs tomaram conta do movimentou e começaram a confusão.
Pelas ruas do Centro, eles quebraram terminais de ônibus e invadiram o comércio local, em especial agências bancárias. No Terminal Parque Dom Pedro II, mascarados incendiaram um ônibus e depredaram outros com extintores. Pelo menos 60 pessoas foram detidas. O comandante da Polícia Militar no Centro, Reinaldo Rossi, foi atingido por objatos atirados pelos manifestantes e sofreu uma fratura na clavícula e ferimento no crânio. Os agressores roubaram uma arma de fogo de Rossi.
Rodoviária
Em Brasília, o protesto do Dia Nacional de Luta pelo Passe Livre ocorreu de forma pacífica. A manifestação começou por volta das 18h, na Rodoviária do Plano Piloto, com palavras de ordem e distribuição de panfletos aos passageiros. Ao todo, cerca de 60 pessoas participaram do protesto, segundo estimativa da Polícia Militar. Os manifestantes bloquearam temporariamente o trânsito no Eixo Monumental e no Eixão, causando lentidão no trânsito. O ato terminou por volta das 20h, com manifestantes pulando as catracas da estação central do Metrô.
Confusão entre professores no Rio
No Rio de Janeiro, onde as manifestações de junho encheram as ruas, o Movimento Passe Livre não prosperou ontem. A confusão do dia ficou por conta da assembleia dos professores da rede municipal de ensino, na qual foi decidido o fim da greve de mais de dois meses. A reunião foi tumultuada, com bate-boca e agressão física. Irritado com uma mulher que conversava durante os discursos, um professor teria reagido dando socos nela. Houve também pessoas expulsas do local após serem acusadas de serem espiões do poder público.
Fonte: Correio Braziliense
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