sábado, 26 de outubro de 2013

Governo eleva para 30% limite de participação estrangeira no BB

Na gestão Lula, fatia passou de 5,6% para 20%. Ações sobem 1,16%

Geralda Doca, Lucianne Carneiro e João Sorima Neto

BRASÍLIA, RIO E SÃO PAULO- O governo ampliou o limite de participação estrangeira no Banco do Brasil (BB) de 20% para 30%. Esta é terceira elevação da fatia de investidores estrangeiros no capital do banco em governos petistas. O percentual saiu de 5,6% para 12,5%, em 2006, e para 20%, em 2009. Segundo decreto publicado ontem no "Diário Oficial da União" a medida "é do interesse do governo brasileiro"

O vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do BB, Ivan Monteiro, disse que a ideia é dar mais liquidez às ações da instituição e, assim, assegurar ganhos aos acionistas diante das mudanças na metodologia do índice Bovespa (Ibovespa), em 2014, em que o valor de mercado das empresa ganhará maior relevância.

— Quanto maior a liquidez, mais valorização e quanto mais valorização, maior a presença (do BB) no índice da Bolsa — disse o executivo, acrescentando que a tendência é que os fundos de investimentos passem a comprar mais ações do banco.

"Banco pode precisar de capital"

O anúncio fez as ações do banco subirem ontem, na contramão do mercado. Os papéis do BB avançaram 1,16%, a R$ 28,68. Na máxima do dia chegaram a R$ 29,07, com valorização de 2,57%. No ano, os papéis do banco acumulam ganho de 20,6%. Só neste mês a valorização foi de 10,94%, enquanto o Ibovespa subiu 3,47%. Os American Depositary Receipt (ADRs), recibos equivalentes a ações negociados no mercado americano, subiam 1,81%, aUS$ 13,26 — atingindo o valor máximo do ano (R$ 28,70).

— As ações do BB reagiram positivamente, numa demonstração de que o mercado aplaudiu a medida — disse Monteiro. Segundo ele, a medida estava em estudo há seis meses, com a procura de estrangeiros por papéis do banco. Em junho, a fatia destes investidores era de 19,4%.

Recentemente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, teve que intervir para amenizar o clima de tensão entre o presidente do BB, Aldemir Bendine, e o da Caixa, Jorge Hereda. Os dois bancos têm traçado estratégias para atacar o mercado dominado pelo outro. O BB está de olho no mercado imobiliário.

Apesar dos planos de expansão, Monteiro disse que não há previsão de nova elevação do teto para estrangeiros, alegando que o Tesouro Nacional é dono de 58,31% das ações do banco e o fundo de pensão dos funcionários do BB (Previ), de 10,38%; o BNDESPar detém 0,19%, e outros 0,92% estão na Tesouraria (em poder do banco). Os 30% restantes estão diluídos entre acionistas estrangeiros (19,4%) e nacionais, sendo 5,19%, nas mãos de empresas e 5,66%, pessoas físicas.

Como o capital do BB permanece o mesmo, Monteiro explicou que não há impacto na ampliação de recursos para crédito. Reforçando o discurso da presidente Dilma Rousseff, que considerou "xenofobia" críticas ao capital externo em concessões, ele disse que o investidor estrangeiro é "muito bem-vindo" ao país.

Para o analista João Augusto Salles, do escritório Lopes Filho & Associados, a mudança abre a possibilidade de o banco buscar mais recursos:

— Não é uma coisa a curto prazo, nem para 2014. Mas a mudança abre espaço para se buscar mais recursos. Lá na frente, o banco pode precisar de capital.

Para o analista de bancos da agência Austin Rating, Luis Miguel Santacreu, a medida amplia o espaço de negociação dos papéis no exterior:

— As ações do BB ganham mais liquidez aqui e lá fora. O BB está expandindo sua atuação na América Latina e nos EUA.

Fonte: O Globo

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