A confirmação pelo último DataFolha de intenções de voto que apontam para uma vitória eleitoral da presidente Dilma Rousseff, no 1º turno, favorece a consolidação da sua candidatura, reduzindo resistências no PT e facilitando ao Palácio do Planalto e a Lula as articulações para a reeleição e montagem de palanques estaduais em favor dela. Do mesmo modo que os resultados da pesquisa a respeito da disputa estadual paulista indicando também uma reeleição do governa-dor Geraldo Alckmin têm efeitos semelhantes em favor dele. Mas tanto nesta como no embate nacional são apenas esses, bem datados, os benefícios da superioridade inicial ostentada pelos dois. No caso do governador – que terá muitos problemas à frente, sobretudo na área de segurança, certamente arma importante de ataque dos adversários – com a candidatura garantida pelo consenso dos tucanos e aliados. Enquanto a da presidente continuará exposta à possibilidade de troca pela do antecessor em novo cenário, lá pela metade de 2014, que aponte para um 2º turno.
Os principais ingredientes de um cenário desse tipo são os efeitos da deterioração das contas públicas (com o excesso de gastos de custeio e assistencialistas); do crescente déficit da balança comercial; de mais um Pibinho; do controle inflacionário baseado em custosa e artificial contenção dos preços administrados (ao passo que os preços livres, como alimentos, aumentam entre 7% e 8%); dos enormes prejuízos da Petrobras e da Eletrobras com o intervencionismo estatal; da persistente baixa credibilidade da política econômica. Eles vão ganhando as manchetes da mídia nesta semana. Abafando os poucos atos positivos do governo, como as concessões do pré-sal e dos aeroportos do Galeão e de Confins. E esvaziando a repercussão na mídia dos discursos da presidente, em seu palanque eleitoral quase diário. Trata-se de feitos cujo potencial de desdobramentos ao longo de 2014 renova preocupações na federação peemedebista e em outros partidos, e pode interromper ou reverter o processo de melhora da imagem da presidente-candidata, constatado nas pesquisas do Ibope e do Datafolha.
O destaque de hoje da imprensa – dividindo espaço com a renúncia de Genoino - é o recuo de 0,5% do PIB do trimestre julho, agosto, setembro (conforme números divulgados ontem pelo IBGE), considerando “o pior resultado (trimestral) em quatro anos”. Seguem-se alguns dos títulos (e trechos) de reportagens da terça-feira. Folha de S. Paulo – “Após reajuste, Petrobras despenca até 10% na Bolsa (“A queda das ações contaminou o Ibovespa, que fechou com retração de 2,4% - a maior desde setembro”). Estadão – “Sem política para reajustes, ação da Petrobrás despenca” (“O mercado financeiro expôs sua decepção com a política de preços da Petrobrás impondo novo golpe à empresa na Bolsa”. “A petroleira perdeu, em um dia, R$ 24 bilhões no valor de mercado”), e “Vale reduz investimentos pelo terceiro ano consecutivo” (para 2014, em 9,2% - ou US$ 14,8 bilhões, em relação aos deste ano). Valor – Sobre parte do custo do populismo tarifário na área de energia elétrica: “Caixa financia Eletrobras e ajuda superávit” e “Tesouro já repassou R$ 8,36 bi para despesas com térmicas”.
Quanto ao ato de renúncia de José Genoino ao mandato de deputado, representou a derrota do empenho do PT de contrapor a Câmara ao julgamento do mensalão pelo STF. Cabendo assinalar o papel, institucional e político, do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, do PMDB, de rechaçar as pressões petistas contra a abertura do processo de cassação. Ao que se seguirá a renúncia dos outros deputados mensaleiros. E Genoino ao despedir-se do mandato – em busca de aumento de aposentadoria – atribuiu à imprensa a responsabilidade pela sua condenação no referido julgamento e por sua renúncia. E insistiu na defesa do maior objetivo programático do PT hoje: a instituição do controle da mídia.
“Tempo de alerta” – Abertura da coluna de Míriam Leitão, no Globo de ontem, com o título acima: “Ainda há tempo de evitar o rebaixamento da nota de crédito do Brasil. Mas o governo continua cometendo os erros que mudaram o olhar, sobre país, da principal agência de risco do mundo. A S&P repetiu ontem, em evento no Rio, o que muitos economistas vêm alertando. O maior problema é a política fiscal: gastos públicos elevados, principalmente de custeio, baixo investimento e falta de transparência”.
Jarbas de Holanda, jornalista
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