• Acordo entre membros do governo e da base aliada viabilizou indicação de Rogério Rosso para a presidência e Jovair Arantes para a relatoria
Igor Gadelha, Bernardo Caram, Daiene Cardoso, Daniel Carvalho e Julia Lindner - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF), foi eleito na noite desta quinta-feira, 17, presidente da Comissão Especial da Casa que dará parecer sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Também aliado de Cunha, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) foi escolhido relator do processo no colegiado.
Após acordo entre a maioria dos partidos, Rosso e Jovair foram escolhidos em votação de chapa única, aprovada por 62 votos favoráveis. Houve ainda três abstenções dos representantes dos representantes do PSOL, PTN e Rede na comissão, que alegaram que não participaram do acordo fechado entre as demais legendas para a escolha dos vice-presidentes eleitos.
Na chapa eleita, o deputado Carlos Sampaio (SP), coordenador jurídico do PSDB, foi escolhido primeiro vice-presidente da comissão. O líder do PR na Câmara, Maurício Quintella (AL), por sua vez, será o segundo vice-presidente, enquanto o terceiro vice será o deputado Fernando Bezerra Filho (PE), líder do PSB na Casa.
Apesar de ser da base aliada, Rogério Rosso, que é líder do PSD na Câmara, ainda não se posicionou oficialmente sobre o impeachment. Nos bastidores, contudo, já admite a aliados que poderá votar a favor do impedimento de Dilma. Nessa quarta, ele comentou a conversa telefônica vazada entre a presidente Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Rosso avaliou como "gravíssimo" o teor da conversa, que, na avaliação de líderes da oposição, Dilma demonstra ter nomeado Lula para a Casa Civil apenas para que ele passasse a ter foro privilegiado. Para o líder do PSD, a divulgação da conversa "balança" a base aliada do governo. "Pode estar ferindo princípio constitucional", afirmou.
Arantes, por sua vez, é líder do PTB na Câmara. Seu partido já adota postura "independente" na Casa. Apesar de estar a frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o partido diz que a indicação de Armando Monteiro para o cargo faz parte da cota pessoal da presidente Dilma Rousseff.
Acordo. Membros do governo e da base aliada passaram cerca de duas horas reunidos nesta quinta-feira e, após confusão, chegaram a um acordo sobre os nomes de Rosso.
Ambos são conhecidos como aliados do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável por deflagrar o processo de impeachment contra Dilma. Os nomes foram decidios em reunião, nessa quarta-feira, 16, entre Cunha e membros do PSDB e do DEM. Com o acordo do governo e da base aliada em optar pelos mesmos nomes da oposição, eles devem ser eleitos nesta quinta. Para o líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE), a decisão "visa a estabilidade do País".
Ao ser questionado sobre a aproximação dos dois candidatos com Cunha, Guimarães disse que o processo segue a normalidade. "Eu me reúno com tanta gente aqui, com o Cunha, com todos eles, portanto isso não é problema nenhum. Aliás, ele ainda é presidente da Câmara, então não é motivo de restrição nenhuma", afirmou o líder do governo. "Essa foi uma construção que integra dois partidos da base, apostamos na confiança que nós temos que eles farão um trabalho sério, não serão instrumento de ninguém, mas serão instrumento da estabilidade política."
A decisão de acordo não foi unânime, o vice-líder do governo, Sílvio Costa (PT do B-PE), discutiu com os parlamentares. "É melhor perder do que ganhar sem ganhar", disse o vice-líder sobre o acordo que estava sendo costurado. Em seguida, saiu da reunião. Nos bastidores, alguns deputados disseram que ele havia se oferecido para ser o relator da comissão, o que foi negado pelos demais. Um dos membros da base aliada afirmou que neste momento é preciso colocar "bombeiros" na liderança da comissão, e não "incendiários" como Sílvio.
Entre os participantes do encontro estavam o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), o líder do PR, Maurício Quintella (AL) e o líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB).
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